ESTUDANDO ESPIRITISMO
4ª Parte
Estudo sobre a Mediunidade – 2ª Parte
3. O desenvolvimento da mediunidade
Estudo sobre a Mediunidade – 1ª Parte
1. Introdução
A Mediunidade é de Todos os Tempos
A Mediunidade Não é Exclusividade do Espiritismo
"Médium quer dizer medianeiro, intermediário. Mediunidade é a faculdade humana, natural, pela qual se estabelecem as relações entre homens e espíritos."
Centro Espírita: Universidade da Alma, de Sérgio Biagi Gregório
5.2. RESPONSABILIDADE
Em filosofia, diz-se da situação de um agente consciente
com relação aos atos que ele pratica voluntariamente. Assim sendo, cada qual
deve responder por seus próprios atos. O que adianta delegar responsabilidade
a uma pessoa, se ela não se julga responsável por tal encargo?
Numa Casa Espírita, onde o trabalho é voluntário, a
responsabilidade deve ser absorvida com muita seriedade, pois embora tenhamos o
livre-arbítrio, a Doutrina Espírita deve ser veiculada na sua maior pureza.
Pergunta-se: Que tipo de influência estamos gerando naqueles que nos rodeiam?
Somos um mensageiro fiel da Doutrina, ou estamos transmitindo
pseudoconhecimento? Estamos clareando ou confundindo ainda mais as mentes dos
frequentadores?
A Diretoria de uma Casa Espírita deve tornar público toda
a informação, quer seja financeira ou não, a fim de que todos os seus frequentadores
tenham elementos comuns para tirarem as suas próprias conclusões.
Na sociedade, o que permite o erro é tão irresponsável
quanto aquele que o comete. Observe o médico que, na ficha do paciente, anota
uma operação que não tenha feito. O paciente, que sabe disso e o permite, é tão
culpado quanto o médico.
5.3. LEI DE COOPERAÇÃO
A lei de cooperação, apregoada pela Doutrina Espírita,
difere radicalmente da lei de competição da sociedade moderna. Na primeira,
todos têm oportunidade de trabalho; na segunda, somente os mais fortes. A lei
de cooperação exige que tomemos para o nosso encargo aquilo que ficou por
fazer; aquilo que foi rejeitado por todos. Não é procurar ser o primeiro,
pisando os demais. A lei de cooperação pede que saibamos nos doar em favor dos
demais. Um exemplo: se somos bons expositores e o nosso colega precisa falar,
devemos nos abster do discurso, a fim de ouvi-lo com toda a atenção.
O Centro Espírita, como universidade da alma, implica
numa mudança radical das nossas atitudes com relação ao nosso próximo. Em vista
disso, a responsabilidade dos seus dirigentes é grandiosa. Estes devem estar
sempre refletindo sobre a organização, no sentido de dar oportunidade a todos,
sem preferência de cor, raça ou posição social. O que importa é abrir caminhos
para que as potencialidades de seus frequentadores sejam atualizadas.
5. O INDIVÍDUO E O GRUPO
A figura do cientista, que sozinho fazia as suas
descobertas, está praticamente descartada das universidades. O que se vê é um
trabalho em grupo, onde cada membro pesquisa uma particularidade do tema
central. Isso não implica na extinção do trabalho individual, mas a grande
ênfase, a alocação de recursos se faz num projeto de equipe. Em vista disso, o
grupo, a organização, a entidade deve ter um peso maior, quando comparado ao
indivíduo, membro desse grupo. A Casa Espírita não foge à regra. É aí que mais
devemos aprender a trabalhar em contato com outras pessoas. Para discutir este
tópico, refletiremos sobre os relacionamentos, a responsabilidade e a lei de
cooperação.
5.1. RELACIONAMENTOS
A dinâmica da vida está no relacionamento. Somos um
"Eu" que tem interdependência com outros "Eus". É tendo em
mente a noção de interdependência que cada um dos colaboradores deve procurar
servir o próximo, pois nossas ações estão sempre influenciando aqueles que têm
contato conosco. Podemos dizer que existe uma relação da pessoa com a própria
pessoa, da pessoa com sua família, da pessoa com os seus vizinhos e da pessoa
com a sociedade. O relacionamento implica também a convivência com os
contrários. Quer dizer, eu sou A e você é B, mas tanto eu quanto você
pertencemos ao mesmo dicionário, que é a espécie humana.
Tomemos um Centro Espírita. Qual o seu objetivo? É um
pronto socorro? É uma escola? Uma vez intuído esse objetivo, todas as nossas
ações devem tender para esse fim, sem dele se desviar. Como dissemos
anteriormente, um Centro Espírita é composto pela área de Ensino Doutrinário,
pela área da Assistência Espiritual e pela área da Assistência Social. Todas
essas áreas devem trabalhar de comum acordo, no sentido de prestar os melhores
serviços a todos os que procuram a Casa, tanto para questões materiais como
para questões espirituais. Muitas vezes o nosso egoísmo fala mais alto: damos
demasiada importância ao nosso setor de trabalho. É um erro crasso. Tanto é
importante o serviço da faxineira quanto o do presidente.
4.
SESSÃO ESPÍRITA
4.1. SESSÃO ESPÍRITA: NOSSO PONTO DE PARTIDA
A Sessão Espírita
é o ponto de partida de nosso estudo, pois todas as atividades emergem dela.
Podemos defini-la como toda a sessão, mediúnica ou não, que se realiza numa
Casa Espírita. As diversas reuniões, para que realmente expressem a rubrica
"espírita", devem estar alicerçadas na Doutrina dos Espíritos. Sem
essa base, o edifício do Centro fica comprometido, e é quando vemos a inserção
de conteúdos e práticas de outros credos e religiões.
4.2. SESSÕES PRIORITÁRIAS E SESSÕES SECUNDÁRIAS
As sessões espíritas podem ser vistas sob dois ângulos: prioritárias e secundárias. As
sessões prioritárias dizem
respeito ao estudo e aprendizado da Doutrina. São os cursos, as palestras e as
preleções. As secundárias dizem
respeito à Assistência Espiritual, à Assistência Social e às Sessões de
Desenvolvimento Mediúnico.
O ensino pode ser feito através de cursos ou não cursos.
Os cursos têm a vantagem de transmitir o conhecimento – passando do simples
para o complexo ou do conhecido para o desconhecido – de forma ordenada, sem
que haja quebra de continuidade. Um tema puxa o outro, este o seguinte, de modo
que ao longo de um ano letivo teremos o encadeamento de vários assuntos úteis à
nossa formação espiritual.
4.3. OBJETIVO CENTRAL DE UMA SESSÃO ESPÍRITA
O Espiritismo, sendo uma filosofia espiritualista,
procura mudar o estado da alma dos seus adeptos. É sobre este ponto que se deve
concentrar todo o objetivo de uma reunião, quer seja mediúnica ou não. Além
disso, ela deve retratar a simplicidade das reuniões que Jesus realizava na
época em que esteve encarnado. Nada de preces e vibrações longas; apenas as
palavras necessárias para podermos nos adaptar ao ambiente que os Espíritos nos
prepararam para a realização de nossas reuniões.
Centro Espírita: Universidade da Alma, de Sérgio Biagi Gregório
1. INTRODUÇÃO
Para que
possamos entender as razões pelas quais um Centro Espírita torna-se uma
universidade da alma, dividimos o nosso estudo em sessão espírita, trabalho em
grupo e Cristianismo redivivo.
2. CONCEITO
Centro Espírita - "Local onde os espíritas se
reúnem para trabalhos e estudos doutrinários". "Unidade fundamental
do movimento espírita". "É escola de formação espiritual e
moral".
"Deve ser
núcleo de estudo, de fraternidade, de oração e de trabalho com base no
Evangelho de Jesus, à luz da Doutrina Espírita". "Uma grande família,
onde as crianças, os jovens, os adultos e os mais idosos tenham oportunidade de
conviver, estudar e trabalhar".
"Deve caracterizar-se pela simplicidade própria das primeiras casas do Cristianismo nascente".
"Deve caracterizar-se pela simplicidade própria das primeiras casas do Cristianismo nascente".
"É o
oásis de paz e esperança onde esperam encontrar Jesus de braços abertos, para a
doce e suave comunhão da fraternidade e alegria".
"É um
ponto do Planeta onde a fé raciocinada estuda as leis universais, mormente no
que se reporta à consciência e justiça, à edificação do destino e à
imortalidade dos ser".
"Lar de
esclarecimento e consolo, renovação e solidariedade, em cujo equilíbrio cada
coração que lhe compõe a estrutura moral se assemelha a peça viva de amor na
sustentação da obra em si". (Equipe da FEB, 1995)
Universidade – Do
latim universitas, termo que dá
ideia de um centro (unus),
voltado (versus), para a
pluralidade de objetos. Uma ideia, pois, de unidade na pluralidade. O termo se
refere hoje a instituições de ensino superior, congregando de modo integrado,
mais de uma unidade aplicada a determinado ramo do saber. Tais unidades são
chamadas Faculdades ou Escolas Superiores. (Pequena Enciclopédia de Moral e
Civismo)
Alma – Princípio
independente da matéria, que dirige o corpo.
3. ASPECTOS GERAIS
Para que um
Centro Espírita exista, há necessidade de estruturá-lo física, legal e
espiritualmente. No âmbito físico, convém prover as condições de higiene
satisfatórias, farta ventilação e fácil fluxo das pessoas. Legalmente, deve-se
prezar pelo cumprimento da lei humana no que diz respeito à formação de uma
sociedade civil, mantendo-se em dia os livros contábeis e as atas das reuniões.
Espiritualmente, motivar as pessoas para o perfeito equilíbrio no campo das
emoções e na mudança de comportamento.
Uma vez
registrado o Estatuto nos órgãos competentes, o Centro Espírita está legalmente
apto para começar a funcionar. Para tanto, deve eleger uma Diretoria Executiva,
a qual será responsável pelos destinos da entidade durante um determinado
período de tempo. O desempenho de suas atividades é facilitado pela confecção
dos Regimentos Internos.
A maioria dos
Centros Espíritas desenvolve suas atividades através dos quatro departamentos,
a saber: Departamento de Assistência Espiritual, Departamento de Ensino
Doutrinário; Departamento de Infância, Juventude e Mocidade e Departamento de
Assistência Social. Para que haja um perfeito entrosamento destes com a
Diretoria Executiva, faz-se necessário, muitas vezes, que cada um destes
setores renuncie algo de si em favor de todos.
Questão que se levanta:
como fazer com que um Centro Espírita se torne realmente uma universidade da
alma? É o que veremos na próxima semana.
Mediunidade e o seu Desenvolvimento, de Therezinha Oliveira
A Mediunidade
É natural que
nos comuniquemos com os espíritos desencarnados e eles conosco, porque também
somos espíritos, embora estejamos encarnados.
Pelos sentidos
físicos e órgãos motores, tomamos contato com o mundo corpóreo e sobre ele
agimos.
Pelos órgãos e
faculdades mentais mantemos contato constante com o mundo espiritual, sobre o
qual também atuamos.
Todas as
pessoas, portanto, recebem a influência dos espíritos.
A maioria nem
percebe esse intercâmbio oculto, em seu mundo íntimo, na forma de pensamentos,
estados de alma, impulsos, pressentimentos etc.
Mas há pessoas
em quem o intercâmbio é ostensivo.
Nelas, os
fenômenos são freqüentes e marcantes, acentuados, bem característicos (psicofonia,
psicografia, efeitos físicos etc.), ficando evidente uma outra individualidade,
a do espírito comunicante.
A essas
pessoas, Allan Kardec denomina médiuns.
Médium é uma
palavra neutra (serve para os 2 gêneros), de origem latina; quer dizer
medianeiro, que está no meio.
De fato o
médium serve de intermediário entre o mundo físico e o espiritual, podendo ser
o intérprete ou instrumento para o espírito desencarnado.
Mediunidade é
a faculdade que permite sentir e transmitir a influência dos Espíritos, ensejando
o intercâmbio, a comunicação, entre o mundo físico e o espiritual.
Sendo uma
faculdade, é capacidade que pode ou não ser usada.
Sendo natural,
manifesta-se espontaneamente, mas pode ser exercitada ou desenvolvida.
Sua eclosão
não depende de lugar, idade, sexo, condição social ou filiação religiosa.
Quem apresenta perturbação é médium?
Muitas vezes,
ao eclodir a mediunidade, a pessoa costuma dar sinais de sofrimento,
perturbação, desequilíbrio.
Firmou-se até
um conceito errado entre o povo: se uma pessoa se mostra perturbada deve ter
mediunidade.
Entretanto, a
mediunidade não é doença nem leva à perturbação, pois é uma faculdade natural.
Se a pessoa se
perturba ante as manifestações mediúnicas é por sua falta de equilíbrio
emocional e por sua ignorância do que seja a mediunidade, ou porque está sob a
ação de espíritos ignorantes, sofredores ou maus.
Não se deve
colocar em trabalho mediúnico quem apresente perturbações. Primeiro, é preciso
ajudar a pessoa a se equilibrar psiquicamente, através de passes, vibrações e
esclarecimentos doutrinários. Deve-se recomendar, também, a visita ao médico,
porque a perturbação pode ter causas físicas, caso em que o tratamento será
feito pela medicina.
Para o
desenvolvimento da mediunidade, somente deve ser encaminhado quem esteja
equilibrado e doutrinariamente esclarecido e conscientizado.
Sinais Precursores
A mediunidade
geralmente fica bem caracterizada, quando:
·
há comprovada vidência ou audição no plano
espiritual;
·
se dá o transe psicofônico (mediunidade
falante) ou psicográfico (mediunidade escrevente);
·
há produção de efeitos físicos (sonoros,
luminosos, deslocação de objetos) onde a pessoa se encontre.
Mas nem sempre
é fácil e rápido distinguir as manifestações mediúnicas, quando em seu início,
das perturbações fisiopsíquicas.
Eis alguns
sinais que, se não tiverem causas orgânicas, podem indicar que a pessoa tem
facilidade para a percepção de fluidos, para o desdobramento (que favorece o
transe) ou que está sob a atuação de espíritos:
·
sensação de "presenças" invisíveis;
·
sono profundo demais, desmaios e síncopes
inexplicáveis;
·
sensações ou idéias estranhas, mudanças
repentinas de humor, crises de choro;
·
"ballonement" (sensação de inchar,
dilatar) nas mãos, pés ou em todo o corpo, como resultado de desdobramento perispiritual;
·
adormecimento ou formigamento nos braços e
pernas;
·
arrepios como os de frio, tremores, calor,
palpitações.
Como Desenvolver a Mediunidade
Do ponto de
vista espírita, desenvolver mediunidade não é apenas sentar-se à mesa
mediúnica e dar comunicações.
É apurar e
disciplinar a sensibilidade espiritual, a fim de tê-la nas melhores condições
possíveis de manifestação, e aprender a empregá-la dentro das melhores técnicas
e visando as finalidades mais elevadas.
Esse
desenvolvimento mediúnico abrange providências de natureza tríplice:
a.
Doutrinária. O médium precisa conhecer a
Doutrina Espírita para compreender o Universo, a si mesmo e aos outros seres,
como criaturas evolutivas, regidas pela lei de causa e efeito.
b.
Atenção especial será dada à compreensão do
intercâmbio mediúnico, ação do pensamento sobre os fluidos, natureza e
situações dos espíritos no Além, perispírito e suas propriedades na comunicação
mediúnica, tipos de mediunidade, etc.
c.
Técnica. Exercício prático, à luz do
conhecimento espírita, para que o médium saiba distinguir os tipos dos
espíritos pelos seus fluidos, como concentrar ou desconcentrar, entender o
desdobramento, controlar-se nas manifestações e analisar o resultado delas,
etc.
d.
Observação: quando se inicia a prática mediúnica,
pode ocorrer de os sinais precursores se intensificarem e ampliarem.
e.
Não pense o médium que seu estado piorou. É
que os espíritos estão agindo sobre os centros de sua sensibilidade e
preparando o campo para as atividades mediúnicas. Persevere o médium, mantendo
o bom ânimo e aos poucos, com a educação de suas faculdades, as sensações
ficarão bem canalizadas, não mais causando perturbações.
f.
Moral. É indispensável a reforma íntima para
que nos libertemos de espíritos perturbadores e cheguemos a ter sintonia com os
bons espíritos, dando orientação superior ao nosso trabalho mediúnico.
g.
A orientação cristã, à luz do Espiritismo,
leva-nos à vigilância, oração, boa conduta e à caridade para com o próximo, o
que atrairá para nós assistência espiritual superior.
O Médium e suas relações com o mundo Espiritual– De Aluney Elferr Albuquerque Silva - 5ª parte
O Médium e a não profissionalização de sua faculdade
Conforme
já sabemos, o espiritismo não é o “dono” da mediunidade, esta é inerente ao
espírito e projetada ao corpo físico, como uma faculdade orgânica. Encontra-se
em quase todos os indivíduos, como um meio imensurável de progresso.
Observando
algumas palavras de André Luiz, psicografadas por Chico Xavier, poderemos
compreender uma poderosa observação efetuada por este nosso irmão: “Deus ajuda
a criatura através das criaturas”, e completamos, desencarnadas ou encarnadas,
ou seja, vamos verificar que o intercâmbio estará presente em todas as etapas
da natureza e em várias e diferentes condições vibracionais.
Haja
vista, entre os espíritos já desencarnados médiuns também os há, que exercem
fraternalmente o labor, facultando que entidades do mais alto, das esferas mais
Elevadas possam também trazer palavras de consolo, orientação para àquelas que
se encontram na retaguarda da evolução, ainda que o meio mais difundido seja o
intercâmbio entre encarnados com os desencarnados.
Sem
dúvidas, ainda que sabendo da ferramentaria disponível em suas mãos o médium
transforma a mediunidade em poderoso instrumento de lamentáveis fatores de
perturbação, tendo em vista o nível espiritual e moral daquele que se encontra
investido de tal recurso. Não é uma faculdade portadora de requisitos morais,
todavia a moralização do medianeiro fomenta sua liberação das influências dos
espíritos inferiores e perversos, que se sentem, impossibilitados de causarem
maior predomínio por faltarem os vínculos para a necessária sintonia.
A
mediunidade não poderá ser utilizada como uma profissão naquele que já
encontra-se revestido com ela, pois como processo de crescimento e purificação
do próprio ser em caminhada estagiária no plano em que vive, deve ela sempre
ser precedida do amor, da sintonia, buscando acima de tudo galgar mais
profundos resultados.
Vemos
a medicina ser utilizada por médicos que visam simplesmente o ganho, todavia,
dia chegará em que os médicos utilizaram esta faculdade para o bem maior,
travando assim o aparecimento de uma medicina vibracional bem mais profunda e
comprometida com a causa humana, conseguindo enfim, mais envolvida com o amor
tratar do ser como um todo e não simplesmente corpo.
A
mediunidade deve ser canalizada para fins nobres, evitando-se transformá-la em
motivo de profissionalização ou espetáculos que buscam gerar emoções
passageiras.
Independente
da vontade de seu possuidor, funciona quando acionada pelos espíritos que a
manipulam, sendo, portanto, credora de assistência moral.
O
Livro dos Médiuns, nos orienta que mesmo que tentemos e não consigamos revelar
nossa mediunidade de modo algum, devemos renunciar a ser médium. Mas esta
referência se dirige a mediunidade em seu sentido restrito, ou seja, os efeitos
físicos, psicografia, psicofonia.
Sabemos
também que todos somos médiuns, pois todos sofremos influências dos espíritos e
na seara do Cristo há muitas mediunidades, ainda que não sejam ostensivas, não
são menos importantes.
Se
não temos, pelo menos por enquanto, em nosso quadro de tarefas a mediunidade
ostensiva, sejamos então médiuns do bem, das palavras de carinho, do consolo,
da ajuda, do bom conselho, da caridade, pois mesmo ai, estaremos sendo
envolvidos por aqueles do lado invisível que também trabalham para o
engrandecimento da humanidade e o consolo dos corações aflitos.
Essa
desistência a qual O Livro dos Médiuns se refere, é a desistência da prática
mediúnica em si, mas não a desistência dos trabalho na seara do Pai, pois Ele
nunca esquece de seus filhos, aqueles que não conseguem ver, poderão ouvir,
aqueles que não conseguem psicografar, poderão ser oradores, enfim, outros
sentidos nos serão emprestados para que nós possamos suprir nossas necessidades
na evolução de nossos espíritos.
Quantos
cursos ministrados nos Centros Espíritas, de onde, após sempre uma fase teórica
de geralmente 06 meses a um ano, o aprendiz se encaminha com sintomas de
mediunidade ou não para uma mesa mediúnica.
Deste
ponto em diante, quando o aprendiz se exercita através da teoria e da prática,
em contato mais direto e definido com a os espíritos, é que alguns conhecedores
do assunto e nós também, consideramos curso de educação da Mediunidade, pois a
palavra desenvolvimento está por nosso modo de ver mal empregada.
Ocorre
que em muitos Centros Espíritas, esse curso não tem duração definida,
permanecendo o aprendiz, em insistência cansativa, sempre a ocupar o lugar de
outro mais necessitado, e os anos se passam sem que sua mediunidade se aflore e
apresente características ostensivas.
Aí,
poderá vir a alegação de que ele é um trabalhador da Casa e não pode deixar a
mesa para dar lugar a um outro ou até mesmo porque pode melindrar-se.
Nestes
quadros vistos acima, nos orienta a Doutrina Espírita, que devemos ocupar este
irmão, em outros pontos de trabalho do Centro Espírita, como por exemplo:
·
Passe
·
Visita fraterna
·
Acolhida à irmãos que vêem a Casa
Espírita
·
Evangelização (Infantil,
Mocidade, Adulta)
·
Doutrinação
·
Apoio nas reuniões mediúnicas.
·
Atendimentos fraternos na Casa
De
fato, não faltam lugar para aqueles que querem realmente servir.
Então,
se por acaso esta faculdade que nos impulsiona para a felicidade, não se
aguçar, nas mais freqüentes que conhecemos: psicofônia e Psicografia,
psicopictoriografia, tenhamos a certeza de que na Casa Espírita, há sempre
lugar para médiuns- doutrinadores, evangelizadores, passistas, acolhedores,
oradores, auxiliares, enfim, todos os trabalhadores e filhos de Deus.
Sempre
há lugar para se praticar a fraternidade, humildade, caridade, comecemos por
entender que o menor trabalho que nos for proporcionado é um trabalho
importante na ajuda da construção de uma humanidade melhor e renovada.
Se
estamos falando de trabalho de melhoramento moral, engrandecimento do espírito,
este deve ser um trabalho que deverá durar realmente muitas e muitas
encarnações, no reparo constante de nossos defeitos, faltas. Comparemos um
profissional que investe anos e anos a fio para se formar num grande
profissional e mesmo depois de 5,6,7 anos de estudo e muito trabalho em preparo
à sua formatura, ele se forma. Isso não quer dizer que pára por aí, pois tudo
evoluí e para ele poder acompanhar estas evoluções terá que se reciclar no
estudo constante para poder estar sempre atualizado.
Imaginemos
agora no que se diz respeito às Leis morais da vida, Leis de Deus, evolução do
espírito, enfim, a busca da felicidade, a ajuda ao próximo, concordemos que
este deve ser um trabalho-estudo sem tréguas, sem descanso, rumo a reforma
íntima de cada um dos filhos de Deus. No que se diz respeito ao entendimento
sobre o invisível, as leis da natureza, os acontecimentos, várias experiências
reencarnatórias serão necessárias para o aprimoramento destes conhecimentos,
possamos nos dedicar para o melhor aproveitamento dos desígnios de Deus.
O Médium e suas relações com o mundo Espiritual– De Aluney Elferr Albuquerque Silva - 4ª parte
Nos
diz André Luiz, em seu livro Missionários da Luz, que “ é imprescindível saber
que tipo de onda mental assimilamos para conhecer a qualidade de nosso trabalho
e de ajuizar nossa direção”.
A
mediunidade é neutra e não basta por si só.
E
é ainda André Luiz, que nos orienta com bastante clareza no seu livro Nos
Domínios da Mediunidade - “Cada médium com a sua mente, cada mente com seus
raios, personalizando observações e interpretações, e conforme os raios que
arremessamos, erguer-se-ão o domicílio espiritual na onda de pensamentos a que
nossas almas se afeiçoam”.
Essa
energia viva que é o pensamento, cria em torno de nós forças sutis, criando
centros magnéticos ou ondas vibratórias, com as quais emitimos nossas situações
e recebemos outras. Abriremos comunicação e envolvimento com núcleos e mentes
com os quais nos colocamos através de nossos pensamentos, em sintonia.
Em
Evolução em Dois Mundos, André Luiz, pág 129 - " A aura é,
portanto a nossa plataforma onipresente em toda comunicação com as rotas
alheias, antecâmara do espírito, em todas as nossas atividades de intercâmbio
com a vida que nos rodeia, através da qual somos vistos e examinados pelas
inteligências Superiores, sentidos e reconhecidos pelos nossos afins, e temidos
e hostilizados ou amados e auxiliados pelos irmãos que caminham em posição
inferior à nossa.
Isso
porque exteriorizamos, de maneira invariável, o reflexo de nós mesmos, nos
contatos de pensamentos a pensamentos, sem necessidade das palavras para as
simpatias ou repulsões fundamentais".
Esclarece
ainda, no mesmo livro - " É por essa couraça vibratória, espécie de
carapaça fluídica, em que cada consciência constrói o seu ninho ideal, que
começaram todos os serviços da mediunidade na Terra, considerando-se a
mediunidade como atributo do homem encarnado para corresponder-se com os homens
liberados do corpo físico".
Poderemos
verificar acima que, refletimos o que sentimos e pensamos em nós mesmos e é
essa aura que nos apresenta como verdadeiramente somos. Principalmente
refortificando um ditado - a raiva é um veneno que tomamos e esperamos
que outros morram, ou seja, esta mesma raiva ficará impregnada em nós
transparecendo aquilo que sentimos e afetando principalmente o nosso próprio
tônus vibratório.
Plasmamos
em torno de nós através da força do pensamento nestas zonas vibratórias que nos
constituem, nosso EU verdadeiro, e assim, somos conhecidos por todos no
mundo espiritual, nos ligando ao bem ou a ignorância.
Envolvemo-nos
em uma onda vibratória que modifica nosso tônus de vibração, ligando-nos
imediatamente àqueles que conosco comungam os mesmos pensamentos e atos, e
quando dormimos temporariamente nos distanciamos de nossa aparelhagem física,
indo Ter com os mesmos com os quais nos ligamos mentalmente, ai nos vem os
sonhos temerosos e “pesados”, principalmente no que concerne ao sexo, brigas,
mortes, e etc. Passamos os dias direcionando energias em prazeres propriamente
ditos ou intencionando fortemente tais prazeres, criando-os assim,
fluidicamente manifestando nossas intenções no mundo espiritual.
Conclamamos
nossos irmãos leitores que revisem o Livro A Gênese, Cap XIV – Os Fluidos –
item 13 – Criação Fluídica, para numa análise mais profunda verificarem a
importância de nossos pensamentos nestas criações emanadas de nós mesmos.
Lembremos
sempre, praticando tanto o bem como o mal, estaremos sempre respirando na mesma
faixa, intimamente associadas, mentes ligadas com o bem ou com as trevas.
O Trabalho no Bem e o Médium – De Aluney Elferr Albuquerque Silva 3ª parte
Nenhuma teoria concretiza-se bem, sem o
exercício, sem o trabalho, vejamos e seguindo a orientação dos espíritos que
auxiliaram Kardec na Codificação, em O Livro do Espíritos, perg 625, quando se
referiam ao melhor Modelo que a Terra já conheceu e a resposta foi Jesus,
seguindo este grandioso modelo para todos nós, verificaremos que seus
ensinamentos não ficaram sem o aval de sua exemplificação traçando assim, base
para suas orientações que nos norteiam até os nossos dias.
Mente vazia, pensamentos infelizes à vista,
nos é necessário o trabalho ativo e o preenchimento de nossa mente com coisas
edificantes, assim, é imprescindível enriquecer nosso pensamento,
incorporando-lhe os tesouros morais e culturais, os únicos que nos
possibilitaram direcionar a luz que é jorrada do mais alto para nós.
Em toda a parte existe a cooperação
espiritual para com o mundo material. Onde há pensamento, há correntes mentais
e onde há correntes mentais existe associações. E toda associação, como sabemos
é interdependência e influenciação recíproca. Daí verificamos a necessidade de
vida nobre, de trabalho ativo compreensão fraterna, serviço ao semelhante,
respeito á Natureza e oração constituem alguns meios de assimilar os princípios
superiores da vida, porque recebemos sempre em referencia ao que damos. E
tratando de mudar o ritmo vibracional de nossos pensamentos e em seguida de
nossos atos, seguramente também sintonizaremos com uma maior facilidade com os benfeitores
que visam o engrandecimento humano.
Voltando a pergunta do Livro O Consolador de
Emmanuel, 387 – “Qual a maior necessidade do médium? Resposta não está em sua
totalidade.
A primeira necessidade do médium é evangelizar-se!
O Médium precisa estudar? De Aluney Elferr Albuquerque Silva – 2ª parte
O
médium tem como condição primordial o estudo, na busca da compreensão da sua
faculdade e do conhecimento da natureza dos espíritos que utilizam sua
faculdade mediúnica para um contato mais próximo com os encarnados. Trazendo ao
próprio médium uma condição mais segura de trabalho, pois, consciente e
entendedor de sua faculdade trabalhará colaborando ainda mais com os técnicos
espirituais responsáveis pela atividade mediúnica que freqüenta. E através da
segurança que começa pelo estudo alcança, sintoniza de uma melhor maneira com
os mentores, como também poderá envolver os comunicantes para que se portem
ordenadamente e não como muitos que chegam transformando as reuniões em
perfeitas rebolias.
Neste
estudo profundo que deverá o médium proceder em sua caminhada, defrontará com a
necessidade de auto conhecer-se, cumprindo-lhe ao mesmo tempo, conhecer as
qualidades que deve procurar desenvolver em si e os hábitos viciosos e os
obstáculos que a podem embaraçar no desempenho da sua tarefa. Pois, para uma
auto realização é necessário permanente exame de consciência, a fim de
conhecer-se sempre, a todo momento, o estado da própria alma.
A
mediunidade é sem dúvidas, poderoso instrumento que pode converter-se em
lamentável fator de perturbação, tendo em vista o nível espiritual e moral
daquele que se encontra investido de tal recurso, ele não é uma faculdade
portadora de requisitos morais. A moralização do médium liberta-o das
influências dos espíritos inferiores e perversos, que se sentem,
impossibilitados de maior predomínio.
Cada
dia, o medianeiro defrontará com sensações novas e viverá emoções que lhe cabem
verificar, de modo que possa treinar o controle pessoal, estabelecendo uma
linha demarcatória entre a sua e as personalidades que o utilizam
psiquicamente, até mesmo, auxiliando-os nas comunicações.
A
compreensão das Leis dos Fluidos, isto é, a identificação fluídica entre o
médium e o espírito, constitui fator de altíssima importância para uma
comunicação harmônica, pois que, se são contrários, se esta relação fluídica se
repele, com deveras dificuldades poderá se processar a comunicação mediúnica,
sobre isso também o médium deverá estar ciente.
Enfim,
a educação mediúnica é para todo a existência, pois, à medida que o medianeiro
se torna mais hábil e aprimorado, melhores requisitos são colocados para a
realização do ministério abraçado.
Buscando
novamente o grande manancial de informações que é O Livro dos Médiuns, na Parte
2º- Cap XVII, Item 221 – Formação dos Médiuns, verificamos:
“O
escolho da maioria dos médiuns iniciantes é Ter relações com espíritos
inferiores, e devem se considerar felizes quando não o sejam senão espíritos
levianos. Toda a sua atenção deve tender a não lhes deixar tomar pé, porque uma
vez ancorados não é sempre fácil desembaraçar-se deles. É um ponto tão capital,
sobretudo no início, que sem as preocupações necessárias, pode-se perder o
fruto das mais belas faculdades”.
O
empenho do médium em se moralizar, na verdade, deverá fazer parte do processo
de sua auto-educação, sintonizando profundamente com as palavras do Cristo –
“Conhecereis a verdade e ela vos Libertará”.
Por
isso, a meta prioritária é a criatura conhecer-se a si mesma, é preciso
permanente exame de consciência, com o fim de conhecer-se sempre em todos os
atos praticados por nós, deste modo nos conhecendo um pouco mais, poderemos com
uma maior facilidade nos dedicarmos sem medos ao exercício. O estudo que visam
a identidade dos espíritos falam bem alto no processo de educação do médium.
Haverá tempo previsto para a educação do médium? De Aluney Elferr Albuquerque Silva – 1ª parte
Tempo
não há, pois a Mediunidade é trabalho para muitas reencarnações na existência
do espírito, em verdade esta faculdade em suas mais variadas ramificações, esta
presentes em todos os homens, todavia no sentido restrito da palavra é após o
desabrochar na existência atual que o trabalho se efetiva com mais intensidade
e a partir daí não deve mais parar ou estacionar, sob a possibilidade de um
recomeço, muito mais árduo e penoso.
Sabemos
que a faculdade estando presente em nós deve eclodir-se sozinha, mas isso não
quer dizer que não possamos trabalhar no campo de modelação de nosso espírito,
através das atividades evangelizadoras, na doação fraternal de atendimento à
irmãos necessitados.
Identificados
pelo sensitivo os sintomas que lhe caracterizam a faculdade mediúnica, a ele
cumpre o dever de educá-la. Somente o sensitivo é capaz de qualificar-se nessa
condição, nenhum sinal externo pode chamar a atenção do observador, a fim de
apontar as pessoas que sejam possuidoras de mediunidade.
Mesmo
sabendo que a mediunidade é uma faculdade originária no espírito, e que se
exterioriza através do organismo físico, não apresenta síndromes externas, e,
mesmo quando algumas destas possam tipificar-lhe a presença, tal conclusão
jamais poderá ser infalível.
A
mediunidade, propiciando a interferência dos desencarnados na vida humana, a
princípio gera estados particulares na área da emotividade como estados
fisiológicos. Porque mais facilmente se registram a presença e o envolvimento
de seres negativos ou perniciosos, a irradiação das suas energias produz esses
estados anômalos, desagradáveis, que podem ser confundidos com problemas
patológicos outros.
Porém
o sensitivo é constantemente chamado para a observação dessas manifestações
consigo mesmo, por surgirem em momentos menos próprios ou aparentemente sem
causas desencadeadoras. O orientador espírita deve ser capaz de convencê-lo que
o exercício correto da mediunidade nenhum perigo oferece a quem quer que seja.
Se
observarmos em O Livro "O Consolador por Emmanuel, através de Chico
Xavier, nas perguntas 387 / 388 poderemos verificar a grande importância que
devemos dar a esses mecanismos de elevação que a Natureza nos concede:
387
- Qual a maior necessidade do médium?
- A
primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar
às grandes tarefas doutrinárias, pois, de ouro modo poderá esbarrar sempre com
o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.
388
- Nos trabalhos mediúnicos temos de considerar, igualmente, os imperativos da
especialização?
- O
homem do mundo, no círculo de obrigações que lhe competem na vida, deverá sair
da generalidade para produzir o útil e o agradável, na esfera de suas possibilidades
individuais. Em mediunidade, devemos submeter-nos aos mesmos princípios. A
especialização na tarefa mediúnica é mais que necessária e somente de sua
compreensão poderá nascer a harmonia na grande obra de vulgarização da verdade
a realizar. (resposta não está em sua totalidade)
Observando
bem estas orientações de Emmanuel, vamos ver que o empenho é necessário para o
engrandecimento da faculdade, e esse empenho é contínuo na escalada a
desempenhar.
Mas,
ainda assim, poderíamos nos perguntar, o que é educação ou desenvolvimento da
mediunidade?
Responderíamos.
É o conjunto de ações educativas direcionadas para o exercício correto da
mediunidade educação essa, que não se prende as quatro paredes do templo
espírita, mas, vai além no envolvimento das orientações basilares do Mestre - Orai
e vigiai, no que concerne as nossas imperfeições como também nossas ações
ainda perniciosas. E vai e não peques mais, para que não te suceda coisa
ainda pior - no que concerne a mudança de estrutura mental, vibracional e
de ação no bem. Pois, o Mestre, não somente diz que deixemos de praticar o mal,
mas que pratiquemos acima de tudo o BEM.
Principalmente
modificando a condição interpretada por nós do grande Amor-terapia legado por
Jesus para todos nós: Não fazer ao próximo aquilo que não queremos para nós,
modificando a estrutura negativista desta frase para: Faça ao próximo aquilo
que queres para ti mesmo. Identificamos nossa verdadeira missão como cristãos
em qualquer tarefa, transformando essas tarefas desde as mais simplórias em
tarefas redentoras pela ação do Amor.
A
educação da mediunidade, é um trabalho para toda a vida. Começa antes da
reencarnação, continua nela e prossegue no além túmulo.
Há
uma grande necessidade de amparo ao candidato ao mediunismo, na presença de
problemas psíquicos, emocionais e físicos, recebendo na casa espírita
orientações de cunho doutrinárias. É necessário que primeiro ocorra uma
harmonização espiritual, antes da entrega do neófito ao exercício mediúnico.
Sendo
importante que seja levado ao conhecimento do médium principiante que, na fase
inicial, é natural o surgimento de um clima psicológico inconstante, de altos e
baixos, isto é compreensível, haja vista a mediunidade propiciar em um
envolvimento mais próximo a interferência dos desencarnados na vida humana, e
que geralmente são seres envolvidos com o mal ou com atos perniciosos,
transmitindo assim, a irradiação das suas energias produzindo sensações
anômalas, desagradáveis, que perfeitamente podem ser confundidas com problemas
patológicos outros e que devem ser bem esclarecido ao irmão que se propõe para
a nova tarefa.
A
condição do estudo é de muita importância para uma educação segura e embasada
no que se diz respeito a faculdade.
Médium
é o ser, é o indivíduo que serve de traço de união aos espíritos, para que
estes possam comunicar-se facilmente com os homens. (Erasto em O Livro dos
Médiuns, Cap. XXII, item 236).
Ética Mediúnica, de Odilon Fernandes (espírito)
Na lida com os desencarnados, o médium
necessita saber que está lidando com espíritos fora do corpo, homens sem o seu
veículo físico de manifestação a quem a morte não santificou e nem alterou, de
imediato, a natureza de seus pensamentos.
Entre encarnados e desencarnados deve se
estabelecer uma parceria consciente com objetivos que transcendem todo e
qualquer interesse material.
Os Espíritos, habitando as dimensões do
Invisível, continuam interessados no progresso do planeta - não se trata apenas
do propósito de cooperar com Jesus na evolução da Humanidade; trata-se
igualmente de melhorar a psicosfera do orbe terrestre e as condições de vida
nele existentes, posto que, com raras exceções, todos haverão de tomar o
caminho da reencarnação.
Os médiuns afeitos ao serviço do Bem, estão
trabalhando sobre a Terra para continuarem trabalhando no Mundo Espiritual,
porquanto a vida de Além-Túmulo, para todos os homens, é a sequência natural do
que estejam fazendo. Médiuns apenas com a aparência de devotamento, movidos por
interesses estritamente pessoais, haverão de se decepcionar profundamente,
quando a liberação do corpo de carne os colocar em confronto com a própria
consciência.
Ser médium não é uma condição especial para a
criatura encarnada, no entanto pode tornar-se pelo modo com que encare a tarefa
que está sendo chamada a desempenhar - sem dúvida, trata-se para o homem de uma
das melhores oportunidades de crescimento espiritual que a Lei está lhe
conferindo, ao longo de suas múltiplas experiências reencarnatórias.
O médium, portanto, deveria encarar com maior
responsabilidade o compromisso, lutando por um melhor aproveitamento do tempo.
Condição mediúnica desprezada assemelha-se ao
talento enterrado da parábola de Jesus... Os que se revelam indiferentes diante
de seus dons medianímicos, sejam eles expressivos ou não, anularão em si mesmos
excelente oportunidade de trabalho; quem faz questão de cultivar-se
mediunicamente, estabelece importantes vínculos mentais dom a Espiritualidade,
e a ideia de sua própria sobrevivência constantemente o influência em suas
decisões.
Em ser médium, o médium só tem a lucrar,
desde, é claro, que mão utilize as suas faculdades espirituais para a sua
satisfação material - sim, porquanto existem medianeiros que subordinam os
interesses da mediunidade que são eternos, aos de natureza temporária.
Companheiros que, por desconhecerem a ética que impera na mediunidade, permitam
uma companhia espiritual saudável por espíritos interesseiros e levianos.
A mediunidade, por assim dizer, é um terreno
que será ocupado - no espaço psíquico do medianeiro - por espíritos que lhe
reclamarão a posse para o Bem ou para o Mal.
A proteção espiritual destinada aos médiuns,
na supervisão de suas atividades, atua com base na sinceridade dos seus
propósitos; medianeiros que atraiam a influência dos espíritos ignorantes, não
oferecerão sintonia aos que, por seu intermédio, desejam desenvolver um
trabalho sério e de consequências benéficas para a Humanidade.
Sem o que chamaríamos de moral mediúnica, a
mediunidade jamais será exercida de modo responsável.
(Carlos Baccelli
pelo Espírito Odilon Fernandes no livro "Conversando com os Médiuns")
6. O Exercício da Mediunidade
Na
seção 2 deste trabalho vimos que se deve fazer uma distinção clara entre a
mediunidade, enquanto faculdade, e o seu uso ou exercício. Se a faculdade em si
é neutra, o mesmo não vale para o seu uso, que pode ser bom ou mau, dependendo
da condição moral do médium.
Na
Introdução de O Livro dos Médiuns Kardec destaca entre os objetivos da
obra a orientação para que a mediunidade seja empregada de modo útil. Um
requisito essencial para isso é a compreensão de sua natureza e mecanismos, no
que o Espiritismo tem contribuído de forma decisiva.
Respeitando
a liberdade humana, ele não poderia prescrever normas de conduta para os
médiuns de maneira cega, impositiva, sem um esclarecimento racional da sua
necessidade. É fácil constatar a justeza da afirmação de Kardec, nessa mesma
Introdução, de que "as dificuldades e os desenganos com que muitos topam
na prática do Espiritismo se originam na ignorância dos princípios desta
ciência".
A
preocupação com a compreensão e o exercício corretos da mediunidade vem sendo
partilhada pelos espíritas sérios, que se conscientizaram da necessidade do
crescimento espiritual do médium para que sua faculdade seja bem empregada.
Muitos dos grandes autores espíritas dos dois planos da vida nos têm legado
estudos e lições preciosas sobre a mediunidade e seu objetivo. Procuraremos, no
que se vai seguir, compilar alguns desses ensinamentos.
Comecemos,
no entanto, com O Livro dos Médiuns, em cujo parágrafo 226 Kardec
pergunta aos Espíritos (no 3):
Os
médiuns que fazem mau uso de suas faculdades, que não se servem delas para o
bem, ou que não as aproveitam para se instruírem, sofrerão as consequências
dessa falta?
"Se
delas fizerem mau uso, serão punidos duplamente, porque têm um meio a mais de
se esclarecerem e não o aproveitam. Aquele que vê claro e tropeça é mais
censurável do que o cego que cai no fosso."
A
questão da responsabilidade moral do uso da mediunidade é semelhante à das
demais faculdades do homem. Aquele que emprega mal a inteligência, a palavra,
os dotes artísticos ou a força física arcará com as consequências desse
emprego, devendo expiar e reparar as faltas cometidas. No caso da mediunidade
há um agravante, conforme se salienta na resposta dada, pois ela é poderoso
recurso iluminativo.
É
por meio da mediunidade que nos certificamos de nossa natureza imortal, fato de
suma importância, em torno do qual gira todo o Espiritismo e sua doutrina
moral. É ela que nos desvenda a vida futura, possibilitando-nos conhecer de
modo abrangente os efeitos de nossas ações. Ajuizaremos então com mais acerto
sobre o que nos convém ou não fazer, com vistas à nossa felicidade integral.
Para
nós, os encarnados, a mediunidade constitui advertência contra o equívoco de
tudo considerarmos do ponto de vista de nossos interesses materiais e
imediatos, incentivando-nos a lutar contra o egoísmo, o embrutecimento dos
prazeres, a estagnação do conhecimento.
Para
os desencarnados sofredores, revoltados ou aturdidos, representa muitas vezes a
via preferencial de despertamento, possibilitando-lhes retomar o progresso
espiritual. A maioria das instituições espíritas em nosso país hoje em dia
centraliza sua atuação mediúnica precisamente nessa tarefa, tão louvável pelos
benefícios que espalha, mas também tão delicada em sua condução, exigindo muito
preparo da equipe, quer no que concerne ao conhecimento doutrinário e à
disciplina, quer quanto ao espírito fraterno e à devoção incondicional ao bem
do próximo.
A
esse respeito adverte Emmanuel no capítulo "Examinando a mediunidade"
do livro Encontro Marcado:
O
exercício da mediunidade nas tarefas espíritas exige larga disciplina mental,
moral e física, assim como grande equilíbrio das emoções.
Na
obra Educação e Vivência, lição "Mediunidade e problemas", o
Espírito Camilo tece as seguintes considerações, ainda dentro desse tópico:
Tristemente,
porém, muitas dessas criaturas que se sabem ou se imaginam médiuns não são
bafejadas pelos recursos de amadurecido estudo, a fim de que compreendam o que
é que se passa nesse vasto território dos fenômenos psíquicos.
Seria
de esperar que os indivíduos que se embrenham pelos bosques das percepções
mediúnicas fossem caindo em si, aprendendo que todos terão que dar conta desses
talentos formidáveis que lhes são concedidos, nas experiências terrenas, na condição
de empréstimo, proporcionando liberdade e ventura íntimas, logrando evadir-se
dos tormentosos episódios do pretérito culposo ou negligente.
E
em Cintilação das Estrelas (capítulo 32) esse lúcido Espírito prossegue
no assunto:
Em
mediunidade é importante que o médium se aplique em melhorar-se a si próprio,
ampliando as percepções, iluminando-se a cada hora, nas lutas que deve
enfrentar, na pauta do cotidiano.
O
desenvolvimento da mediunidade marcha ladeando o desenvolvimento do médium.
Quanto melhor o indivíduo, maior a sua fulgência mediúnica no bem.
Aprimore-se
o homem para que se lhe ampliem as posições de sensibilidade mediúnica.
Têm-se
infelizmente observado muitos agrupamentos mediúnicos descuidados quanto às
superiores finalidades da mediunidade, bem como quanto às diretrizes
doutrinárias que devem guiar sua prática. Não raro desenvolvem suas atividades
de forma ritualística, tratando os médiuns como simples máquinas de
comunicação. No momento do intercâmbio, os trabalhadores assumem posturas
formais, como que denotando concentração e devoção ao bem, mas que nem sempre
se fazem acompanhar das atitudes íntimas correspondentes. Manoel Philomeno de
Miranda comentou esse tópico no capítulo intitulado "Mediunidade e viciação",
do livro Sementeira da Fraternidade (p. 123):
O
médium é filtro por cuja mente transitam as notícias da vida além-da-vida.
Nesse
sentido, consideramos a concentração mental de modo diverso dos que a comparam
a interruptor de fácil manejo que, acionado, oferece passagem à energia
comunicante, sem mais cuidados... A concentração, por isso mesmo, deve ser um
estado habitual da mente em Cristo, e não uma situação passageira junto ao
Cristo.
Já
analisamos na seção 3 a
situação na qual o aparecimento da faculdade mediúnica se dá juntamente com
desequilíbrios físico-espirituais variados, destacando o erro dos que
consideram tais distúrbios como uma conseqüência da mediunidade em si. Em Educação
e Vivência (p. 111), Camilo enfoca outro ângulo dessa questão:
A
decantada "mediunidade de provas" não passa de episódio no qual
alguém em provas e sérias expiações recebeu da Divina Misericórdia as
excelênicas da sensibilidade mediúnica, através de cujas portas será chamado ou
convocado à assunção de responsabilidades, bem como ao cumprimento dos deveres
para com Deus, através do próximo.
A
origem do nosso sofrimento, da nossa aflição, não reside na mediunidade, mas a
bagagem de desacertos que ainda trazemos, acumulada nesta e em vidas pregressas.
É por isso que nossos recursos mediúnicos, neutros em si mesmos, amiúde ainda
se ligam aos mundos de sombra. Mal empregada, a mediunidade significará o
cultivo da ignorância, a disseminação da dúvida e da mentira, o insuflamento do
egoísmo e do orgulho, da vaidade e do personalismo, o verbo e o texto
degradantes, a manipulação de forças mentais deletérias, a porta aberta às
obsessões.
No
capítulo 39 do livro Sementeira da Fraternidade, Vianna de Carvalho
descreve a mediunidade como "canal cósmico por onde transitam seguras as
consolações e esperanças para o atribulado espírito humano" (p. 179),
destacando outro aspecto da mediunidade: o consolo que prodigaliza ao homem em
sua vida de incertezas e de dores. Que de mais belo existe do que saber que o
abismo que se imagina existir entre nós e os entes queridos que já partiram não
é intransponível; que os sofrimentos que não conseguimos evitar têm causas
justas ligadas ao nosso passado!...
Dádiva
com que a misericórdia divina nos favorece, informando-nos de nossa natureza de
seres imortais, a mediunidade bem empregada reveste as formas de esclarecimento
acerca da vida além-túmulo, de consolo para os que perderam a esperança, de
advertência salvadora para os equivocados, de amparo para os que cambaleiam, de
recursos terapêuticos para os que enfermaram, de despertamento para os
sofredores e os trânsfugas do dever que já cruzaram a aduana da morte. Daí a
necessidade de desenvolvermos esse abençoado talento, nos trabalhos da
caridade, nos exercícios constantes de benevolência para com todos, indulgência
para com as imperfeições dos outros, de perdão das ofensas, conforme a questão
886 de O Livro dos Espíritos. Reconheçamos, acima de tudo, que mais
importante do que sermos bons médiuns, no que toca à faculdade, é sermos
médiuns bons, a serviço de Jesus.
Estudo sobre a Mediunidade – 5ª Parte
As modalidades mediúnicas
Um aspecto importante dos esclarecimentos de
André Luiz é que permitem compreender não somente como se dá o fenômeno
mediúnico, mas também o porquê da existência de diferentes modalidades de
mediunidade. Observamos, pelos trechos citados, que a faculdade mediúnica será
deste ou daquele tipo conforme a região do organismo em que as células do
perispírito apresentem maiores possibilidades de desvinculação das que lhe
correspondem no corpo físico. Desse modo, segundo o exemplo dado, se for nos
órgãos da visão que ocorre a maior liberdade das células do perispírito, a
mediunidade assumirá a forma de vidência; se nos órgãos da audição, a de
audiência; se nos da fala, a de psicofonia, e assim por diante.
Devemos notar, no entanto, que os órgãos a
que se refere André Luiz são, conforme se depreende de outras passagens de sua
obra, não tanto os órgãos periféricos olhos, ouvidos, mãos etc. , mas
fundamentalmente as regiões do cérebro responsáveis por seu comando. De fato, a
ciência mostrou que há no cérebro grupos de neurônios (células nervosas) mais
ou menos especializados para as diversas faculdades sensoriais e motoras.
No caso da visão, por exemplo, tais neurônios
recebem, através do nervo óptico, os impulsos elétricos gerados na retina do
olho, sinais esses que a alma interpreta como imagens. O mesmo se dá, mutatis
mutandis, com os demais sentidos. No caso das funções motoras, ao comando
da alma determinados centros cerebrais enviam, através dos diferentes nervos,
impulsos elétricos aos músculos, resultando daí os movimentos corporais.
Kardec dividiu os médiuns em duas grandes
categorias: os de efeitos físicos e os de efeitos intelectuais.
Os primeiros são "aqueles que têm o poder de provocar efeitos materiais,
ou manifestações ostensivas"; os segundos, "os que são mais
especialmente próprios a receber e a transmitir comunicações inteligentes"
(O Livro dos Médiuns, parágrafo 187). Para fins didáticos, é conveniente
subdividir a categoria de efeitos inteligentes em dois grupos: efeitos
sensoriais (percepção da realidade espiritual na forma de uma impressão dos
sentidos) e efeitos intelectuais propriamente ditos (transmissão de uma
mensagem inteligente pela palavra escrita, oral, por gestos etc.).
Apresentaremos agora um quadro sinótico com
os principais tipos de fenômenos mediúnicos, associados às diversas modalidades
mediúnicas. Trata-se de uma adaptação do que foi elaborado por Jayme Cerviño em
seu livro Além do Inconsciente, reunindo apenas as modalidades mais
importantes. Nesse interessante e original livro, o autor infere, a partir de
estudos clássicos da psicologia experimental e da neurofisiologia, bem como de
investigações sobre os fenômenos espíritas, quais regiões do encéfalo estariam
associadas às diferentes categorias de fenômenos espíritas.
Estudo sobre a Mediunidade -
4ª Parte
Os mecanismos da mediunidade
Na presente seção procuraremos reunir alguns
informes sobre os mecanismos da faculdade mediúnica, ou seja, sobre como se
dá o fenômeno mediúnico. A fonte básica continuará sendo Allan Kardec.
Iniciemos com este trecho, já parcialmente transcrito, do capítulo
"Manifestações dos Espíritos" de Obras Póstumas (§ 6, no
34; o destaque é nosso):
O fluido perispirítico é o agente de todos
os fenômenos espíritas, que só se podem produzir pela ação recíproca dos
fluidos que emitem o médium e o Espírito. O desenvolvimento da faculdade
mediúnica depende da natureza mais ou menos expansível do perispírito do médium
e da maior ou menor facilidade da sua assimilação pelo dos Espíritos.
Esmiuçando as informações aqui contidas,
notamos:
1.
O perispírito desempenha papel de
capital importância no processo mediúnico.
2.
Sendo o perispírito "o
agente de todos os fenômenos espíritas", e estes só podendo
produzir-se pela ação recíproca dos fluidos que emitem o médium e o
Espírito, temos como regra sem exceções que, ocorrendo um fenômeno de
comunicação com o mundo espiritual, necessariamente haverá a
participação de um médium. Em alguns casos, como em certas manifestações de
efeitos físicos, não se nota a presença do médium, mas podemos estar certos de
que haverá alguém, em algum lugar, servindo de médium, ainda mesmo que este não
esteja consciente do papel que desempenha.
3.
Também percebemos que serão vãos
os esforços de certos pesquisadores que, desprezando a riquíssima contribuição
do Espiritismo para o estudo daquilo que (impropriamente) denominam
"paranormalidade", tentam detectar o Espírito unicamente por meio de
aparelhos. Se algum instrumento chegar a registrar um espírito, é porque houve
a participação oculta de algum médium. Neste caso, seria mais confiável
analisar a manifestação diretamente, sem o recurso indireto de instrumentos,
que sempre constituem fonte adicional de incertezas.
4.
A presença da faculdade mediúnica
em alguém liga-se à possibilidade de seu perispírito "expandir-se".
Veremos logo mais que essa "expansão" do corpo espiritual pode ser
entendida como a sua parcial desvinculação do corpo físico.
5.
A efetivação da comunicação
exige, além da "expansão" do perispírito do médium, a assimilação
deste com o perispírito do Espírito comunicante, ou seja, tem de haver sintonia
entre ambos. Esse fato importante, de que o médium em geral não é capaz de
comunicar-se indiscriminadamente com todos os Espíritos, é exposto em Obras
Póstumas imediatamente após o trecho que acabamos de transcrever (§ 6, no
35; os grifos são nossos):
As relações entre os Espíritos e os médiuns
se estabelecem por meio dos respectivos perispíritos, dependendo a facilidade
dessas relações do grau de afinidade existente entre os dois fluidos.
Alguns há que se combinam facilmente, enquanto outros se repelem, donde se
segue que não basta ser médium para que uma pessoa se comunique
indistintamente com todos os Espíritos. Há médiuns que só com certos
Espíritos podem comunicar-se ou com Espíritos de certas categorias, e outros
que não o podem a não ser pela transmissão do pensamento, sem qualquer
manifestação exterior.
No exame do assunto do item 3, podemos colher
subsídios em André Luiz, o autor espiritual que tanto tem contribuído para a
extensão de nosso conhecimento científico acerca da mediunidade. Em sua obra Evolução
em Dois Mundos, ao analisar a fase evolutiva em que se elaborava a
faculdade de desprendimento do veículo perispiritual durante o sono (capítulo
17, item "Mediunidade espontânea"), adianta esta valiosa informação
(grifamos):
Consolidadas semelhantes relações com o Plano
Espiritual [...], começaram na Terra os movimentos de mediunidade espontânea,
porquanto os encarnados que demonstrassem capacidades mediúnicas mais
evidentes, pela comunhão menos estreita entre as células do corpo físico e
do corpo espiritual, em certas regiões do campo somático, passaram das
observações durante o sono às da vigília, a princípio fragmentárias, mas
acentuáveis com o tempo [...].
Vemos, assim, que o respeitado cientista
deixa entrever a correlação íntima entre a possibilidade de contato com a
realidade espiritual durante a vigília (mediunidade) e um certo
"afrouxamento" das ligações entre as células do perispírito e as suas
correspondentes do corpo material. Prosseguindo, André Luiz explicita mais essa
correlação:
Quanto menos densos os elos de ligação entre
os implementos físicos e espirituais, nos órgãos da visão, mais amplas as
possibilidades na clarividência, prevalecendo as mesmas normas para a
clariaudiência e modalidades outras, no intercâmbio entre as duas esferas
[...].
Refletindo um pouco sobre as assertivas de
André Luiz, verificamos, inicialmente, que não conflitam com a explicação dada
por Kardec, em termos da capacidade de expansão do perispírito do médium. Há,
pelo contrário, até um reforço, já que a noção de "expansão" é aqui
suficientemente abrangente e flexível para permitir ulteriores elaborações e
detalhamentos, dentro da natureza eminentemente progressiva do Espiritismo.
Podemos compreender, deste modo, a
"expansibilidade" do perispírito como a sua faculdade de
desvinculação parcial e temporária do corpo físico, passando, nesse estado
especial, a partilhar da realidade do mundo espiritual para nela colher
impressões diversas, sem no entanto perder a possibilidade de atuação sobre o
corpo denso.
É fundamental deixar claro que o que acabamos
de expor não corrobora de modo algum a ideia popular de que no processo
mediúnico o Espírito do médium "sai" e "dá lugar" ao
Espírito comunicante, que passaria então a servir-se diretamente do
corpo do médium. Os Instrutores Espirituais já esclareceram a Kardec, no
importante capítulo "Do papel do médium nas comunicações espíritas"
de O Livro dos Médiuns que essa ideia não corresponde à realidade. A
mensagem sempre passa pelo Espírito do médium, mesmo quando ele não guarda disso
a consciência ao despertar do transe. Vejamos o que dizem no item sexto do
parágrafo 223:
O Espírito que se comunica por um médium
transmite diretamente o seu pensamento, ou este tem por intermediário o
Espírito do médium?
"É o Espírito do médium que é o
intérprete, porque está ligado ao corpo que serve para falar e por ser
necessária uma cadeia entre vós e os Espíritos que se comunicam, como é preciso
um fio elétrico para comunicar à grande distância uma notícia e, na extremidade
do fio, uma pessoa inteligente que a receba e transmita."
Compreendemos então que, em última instância,
o comando do veículo físico só pode ser feito pelo seu próprio
"dono". Poderíamos dizer que o corpo material é feito "sob
medida" para cada Espírito, e que não "serve" para nenhum outro.
O Espírito estranho não tem como agir diretamente sobre as células materiais
formadas sob a influência de outro Espírito e para o seu próprio uso.
É interessante notar que nas questões
seguintes à transcrita os Espíritos frisam mesmo enfrentando uma oposição
inicial de Kardec que essa é uma regra absoluta, sem exceções, nem mesmo
na mediunidade dita "mecânica", ou ainda nos casos de efeitos físicos
onde uma mensagem inteligente é transmitida (tiptologia, escrita por meio de
pranchetas etc).
Vemos, na questão 10 do referido parágrafo,
que os Espíritos expressam indiretamente sua desaprovação a esse modo de
denominar a mediunidade na qual o médium não guarda consciência do conteúdo da
comunicação: o médium jamais atua como máquina, mecanicamente.
Resumindo o conteúdo desta seção:
·
O perispírito desempenha papel
essencial em todos os processos mediúnicos.
·
A faculdade mediúnica liga-se à
possibilidade de o perispírito desvincular-se parcialmente do corpo físico
durante a vigília.
·
A comunicação não se efetiva sem
que haja sintonia entre os perispíritos do médium e do Espírito.
·
A comunicação espiritual, ainda
que de efeitos físicos, sempre passa pelo Espírito do médium.
a Mediunidade – 3ª Parte
Dever-se-á provocar o
desenvolvimento da mediunidade?
A mediunidade não deve ser fruto de
precipitação nesse ou naquele setor da atividade doutrinária, porquanto, em tal
assunto, toda a espontaneidade é indispensável, considerando-se que as
tarefas mediúnicas são dirigidas pelos mentores do plano espiritual.
Logo em seguida, em resposta à questão 386, o
conceituado Espírito reitera:
Ninguém deverá forçar o desenvolvimento dessa
ou daquela faculdade, porque, nesse terreno, toda a espontaneidade é
necessária; observando-se contudo, a floração mediúnica espontânea, nas
expressões mais simples, deve-se aceitar o evento com as melhores disposições
de trabalho e boa-vontade [...].
Precisamos portanto estar vigilantes quanto à
opinião, infelizmente tão comum no meio espírita, de que as pessoas que
aparecem nas casas espíritas devem, cedo ou tarde, ser encaminhadas às chamadas
"sessões de desenvolvimento mediúnico".
São dois os motivos mais frequentemente
alegados para esse tipo de recomendação: 1) o empenho e dedicação com que
alguém se interesse pelo Espiritismo, sugerindo, segundo julgam, que tem
"todas as condições" para exercer a mediunidade; 2) os desequilíbrios
variados de saúde ou de comportamento que apresente, notadamente quando venham
desafiando a perícia dos médicos.
Ora, no primeiro caso dever-se-ia ponderar
que as boas disposições da pessoa deverão ser aproveitadas antes de mais nada
em seu aperfeiçoamento intelectual e moral, e, em se tratando de sua colaboração
nas atividades do centro espírita, naquele setor ao qual mais se ajuste por sua
formação profissional, seus interesses e disponibilidades, quais sejam a
condução de estudos, a evangelização infanto-juvenil, a administração, a
biblioteca, as visitas fraternas, a costura de enxovais, a faxina, a
distribuição de alimentos, a acolhida aos novos frequentadores etc., ou os
trabalhos mediúnicos, se os sinais de mediunidade se apresentarem de forma
espontânea.
No segundo caso, que é o mais frequente, seria
preciso compreender que o mero fato de alguém encontrar-se desequilibrado
significa que não pode ser inserido no grupo mediúnico, sob o risco de
comprometer o seu bom funcionamento. A mediunidade em si é uma faculdade
neutra, que não tem qualquer conexão com os desajustes físicos, mentais e
espirituais da criatura.
Estes surgem por motivos específicos, e
requerem o tratamento médico, psicológico ou espírita adequado ao caso. Somente
após seu retorno à normalidade é que a pessoa poderá participar, como médium,
dos trabalhos mediúnicos, se a faculdade surgir espontaneamente.
O exercício da mediunidade não é recomendável
na presença de determinadas enfermidades físicas, como por exemplo, nas doenças
contagiosas, ou onde o equilíbrio orgânico esteja "por um fio" e a
atividade mediúnica envolva situações que emocionem muito o médium.
No caso dos desequilíbrios mentais e
espirituais, o exercício mediúnico não pode nunca ser iniciado, ou continuado.
Um médium nessas condições não poderá contribuir positivamente, além de gerar
dificuldades para o grupo, facilitando mesmo a atuação de Espíritos
interessados na instalação da desarmonia, dos melindres, das suspeitas, do
enregelamento das relações entre os membros.
O desenvolvimento mediúnico a ser promovido
nos centros espíritas não deve nunca ser entendido como o aprendizado de
técnicas e métodos para fazer surgir a mediunidade, pois que não os há nem pode
haver, mas exclusivamente como o aprimoramento e direcionamento útil e
equilibrado das faculdades surgidas de forma natural, o que pressupõe o
aperfeiçoamento integral do médium, por meio do estudo sério e de seus esforços
incessantes para amoldar suas ações às diretrizes evangélicas.
Ressaltemos, outrossim, que os núcleos
espíritas não deverão iniciar qualquer trabalho mediúnico, quer de
desenvolvimento (no sentido correto do termo), quer, menos ainda, de
assistência aos Espíritos enfermos, se não estiverem seguros de que dispõem de
colaboradores suficientemente preparados, por seus conhecimentos doutrinários,
por seu equilíbrio psicológico e por sua conduta cristã, que disponham de tempo
para encetar com regularidade tão delicada tarefa.
Resumindo o que foi visto nesta seção:
·
A mediunidade é uma faculdade
natural, que surge espontaneamente.
·
Não se deve procurar
desenvolvê-la enquanto não aflorar por si só.
·
O desenvolvimento da mediunidade
deve ser entendido unicamente como a sua educação, o seu aprimoramento, a sua
disciplina, o seu direcionamento útil para o bem.
·
A mediunidade não é a causa
primária dos desequilíbrios orgânicos e psicológicos.
·
O exercício da mediunidade não
deve ser colocado como a culminação obrigatória das atividades do cooperador da
casa espírita.
Estudo sobre a Mediunidade – 2ª Parte
3. O desenvolvimento da mediunidade
Uma primeira observação a ser feita é que se
a presença da faculdade mediúnica em uma pessoa independe de sua condição
moral, intelectual e de crença, ninguém poderá tornar-se médium tão-somente
pelo fato de moralizar-se, ou de estudar, ou de aderir às convicções espíritas.
É evidente que essas atitudes serão de imenso proveito para a criatura, pois a
colocarão em condições de compreender e utilizar bem a faculdade
mediúnica que porventura possua.
É significativo, a esse respeito, que Kardec
tenha alertado já no terceiro parágrafo da Introdução de O Livro dos Médiuns
que muito se enganaria aquele que "supusesse encontrar nesta obra uma
receita universal e infalível para formar médiuns." Lança mão, a seguir,
de uma comparação muito clara e objetiva, que esclarece o assunto à saciedade
(os destaques são nossos):
Se bem que cada um traga em si o gérmen das
qualidades necessárias para se tornar médium, tais qualidades existem em graus
muito diferentes e o seu desenvolvimento depende de causas que a ninguém
é dado conseguir se verifiquem à vontade. As regras da poesia, da pintura e da
música não fazem que se tornem poetas, pintores, ou músicos os que não têm o
gênio de algumas dessas artes. Apenas guiam os que as cultivam no emprego de
suas faculdades naturais. O mesmo sucede com o nosso trabalho. Seu
objetivo consiste em indicar os meios de desenvolvimento da faculdade
mediúnica, tanto quanto o permitam as disposições de cada um, e,
sobretudo, dirigir-lhe o emprego de modo útil, quando ela exista.
O caráter espontâneo da faculdade mediúnica é
ainda destacado no parágrafo 208 de O Livro dos Médiuns (o destaque é
nosso):
Se os rudimentos da faculdade [mediúnica] não
existem, nada fará que apareçam [...].
No capítulo intitulado "Manifestações
dos Espíritos" de Obras Póstumas (parágrafo 6, no
34) encontramos esta densa passagem (destaque nosso):
O desenvolvimento da faculdade mediúnica
depende da natureza mais ou menos expansível do perispírito do médium e da
maior ou menor facilidade da sua assimilação pelo dos Espíritos; depende,
portanto, do organismo e pode ser desenvolvida quando exista o princípio;
não pode, porém, ser adquirida quando o princípio não exista.
E no parágrafo 198 de O Livro dos Médiuns,
que trata da diversidade das faculdades mediúnicas, lemos ainda:
Em erro grave incorre quem queira forçar a
todo custo o desenvolvimento de uma faculdade que não possua. Deve a pessoa
cultivar todas aquelas de que reconheça possuir o gérmen. Procurar à força ter
as outras é, antes de tudo, perder tempo, e, em segundo lugar, perder talvez,
enfraquecer com certeza, as de que seja dotado.
Encerrando esse parágrafo, Kardec transcreve
comunicação mediúnica de Sócrates sobre o desenvolvimento da mediunidade, que
contém grave advertência:
Quando existe o princípio, o gérmen de uma
faculdade, esta se manifesta sempre por sinais inequívocos. Limitando-se à sua
especialidade, pode o médium tornar-se excelente e obter grandes e belas
coisas; ocupando-se de tudo, nada de bom obterá. Notai, de passagem, que o
desejo de ampliar indefinidamente o âmbito de suas faculdades é uma pretensão
orgulhosa, que os Espíritos nunca deixam impune. Os bons abandonam o
presunçoso, que se torna então joguete dos mentirosos. Infelizmente, não é raro
verem-se médiuns que, não contentes com os dons que receberam, aspiram, por
amor-próprio ou ambição, a possuir faculdades excepcionais, capazes de os
tornarem notados. Essa pretensão lhes tira a qualidade mais preciosa: a de médiuns
seguros.
Apenas como exemplo de opinião de um outro
autor, corroborativa da de Allan Kardec, vejamos como Emmanuel responde à
questão 384 de seu livro O Consolador, questão essa que versa
especificamente sobre o tema que estamos focalizando.
Estudo sobre a Mediunidade – 1ª Parte
Silvio e Clarice
Seno Chibeni
1. Introdução
A mediunidade desempenha papel essencial no
estabelecimento da base experimental da ciência espírita e nas atividades dos
centros espíritas. Seu estudo sistemático e contínuo possibilita a correta
compreensão tanto de sua natureza como de suas finalidades, habilitando-nos a
dela obter seguros e produtivos resultados, com vistas ao nosso aperfeiçoamento
intelectual e moral.
Esse estudo deve necessariamente estar
centralizado no mais completo e profundo tratado que já se escreveu sobre a
mediunidade: O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec. Os presentes
apontamentos devem ser tidos unicamente como uma exposição incompleta de alguns
tópicos importantes, destinada a facilitar posteriores contatos com essa obra
fundamental e a vasta literatura subsidiária surgida desde sua publicação, em
1861.
No Vocabulário Espírita que forma o capítulo
32 desse livro Kardec dá como sinônimos os termos mediunidade e medianimidade,
definindo-os com "a faculdade dos médiuns". Quanto à palavra médium,
Kardec explicita o seu significado em várias passagens de suas obras, como por
exemplo nesse mesmo Vocabulário, onde se encontra esta definição sucinta:
MÉDIUM. (do latim, medium, meio,
intermediário). Pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os
homens.
Ao analisar os conceitos de médium e de
mediunidade, faz notar que a palavra médium comporta duas acepções
distintas, expressas com clareza neste trecho da Revue Spirite:
Acepção ampla:
Qualquer pessoa apta a receber ou a
transmitir comunicações dos Espíritos é, por isso mesmo, médium, quaisquer que
sejam o modo empregado e o grau de desenvolvimento da faculdade, desde a
simples influência oculta até à produção dos mais insólitos fenômenos.
Acepção restrita:
Em seu uso ordinário, todavia, esse termo tem
uma aplicação mais restrita, aplicando-se às pessoas dotadas de um poder
mediador suficientemente grande, seja para a produção de efeitos físicos, seja
para transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra.
Quando analisamos um texto ou um discurso
onde o termo médium aparece, é importante reconhecer em qual desses
sentidos está sendo empregado, a fim de se evitarem mal-entendidos e discussões
sem fundamento. Assim, por exemplo, a afirmação feita no parágrafo 159 de O
Livro dos Médiuns de que "todos [os homens] são quase médiuns"
deverá ser entendida apenas na acepção ampla do termo, pois sabemos,
pela questão 459 de O Livro dos Espíritos, que todos somos passíveis de
receber a influência dos Espíritos, ainda que sob a forma sutil de intuição.
Incorreremos em grave equívoco se concluirmos
daí que todos somos mais ou menos médiuns no sentido restrito e usual da
palavra, ou seja, se julgarmos que todos podemos produzir manifestações
ostensivas, tais como a psicofonia, a psicografia, os efeitos físicos etc.
2. A natureza da
mediunidade
Limitando-nos daqui para frente à acepção
restrita do termo 'médium', que é a mais usual e relevante, estaremos, no que
se vai seguir, entendendo a mediunidade como a aptidão especial que
certas pessoas possuem para servir de meio de comunicação entre os Espíritos e
os homens.
A questão que naturalmente surge neste ponto
é a de se determinar qual é a natureza da faculdade mediúnica: quais as
suas causas, por que surge somente em determinadas pessoas e em modalidades e
graus diversos, se é passível de desenvolvimento forçado mediante alguma
técnica etc.
Um aspecto central relativo à natureza da
mediunidade acha-se exposto na resposta à questão que Kardec endereçou aos
Espíritos no parágrafo 226 de O Livro dos Médiuns:
O desenvolvimento da mediunidade guarda
proporção com o desenvolvimento moral dos médiuns?
"Não; a faculdade propriamente dita
prende-se ao organismo; independe do moral. O mesmo, porém, não se dá com o seu
uso, que pode ser bom ou mau, conforme as qualidades do médium."
Como observamos pela resposta dos Espíritos,
a capacidade de servir de "ponte" entre o mundo espiritual e o mundo
material está ligada a fatores de ordem orgânica. Esse ponto encontra-se
exarado em vários lugares das obras de Kardec e de outros autores espíritas
abalizados, passando, no entanto, despercebido à maioria das pessoas, mesmo
espíritas.
Já em 1859 Kardec afirmava, em seu livro Instruções
Práticas sobre as Manifestações Espíritas que "essa faculdade depende
de uma disposição orgânica especial, suscetível de desenvolvimento." Em O
Livro dos Médiuns as referências nesse sentido são numerosas. No parágrafo
94, por exemplo, que trata das manifestações físicas espontâneas, os Espíritos
informam que a aptidão de ser médium de efeitos físicos "se acha ligada a
uma disposição física." Bem mais adiante, ao estudar a formação dos
médiuns (§ 209), Kardec retorna ao assunto:
Têm-se visto pessoas inteiramente incrédulas ficarem
espantadas de escrever [mediunicamente] a seu mau grado, enquanto que crentes
sinceros não o conseguem, o que prova que esta faculdade se prende a uma
disposição orgânica.
Notemos que nesta última passagem há
referência a mais um princípio importante: a mediunidade não depende das convicções
filosóficas ou das crenças religiosas do médium.
Por fim, em resposta à questão 19 do
parágrafo 223 desse mesmo livro os Espíritos esclarecem que "a mediunidade
propriamente dita independe da inteligência bem como das qualidades
morais" do médium. Portanto a mediunidade independe também do
desenvolvimento intelectual do médium.
Resumindo o que vimos até aqui:
A mediunidade é a faculdade especial que
certas pessoas possuem para servir de intermediárias entre os Espíritos e os
homens. Ela tem origem orgânica, e independe:
·
da condição moral do médium;
·
de suas crenças;
·
de seu desenvolvimento
intelectual.
No parágrafo 200 de O Livro dos Médiuns,
Allan Kardec deixa claro que "não há senão um único meio de constatar [a
existência da faculdade mediúnica em alguém]: a experimentação." Ou
seja, só poderemos saber que uma pessoa é médium observando que efetivamente
é capaz de servir de intermediário aos Espíritos desencarnados.
Isso naturalmente remete à importante questão
do desenvolvimento da mediunidade. Por sua importância e pelas confusões
e equívocos a que se tem prestado, merece ser abordada numa seção especial.
A Mediunidade é de Todos os Tempos
Alguns séculos depois, não respeitando a liberação da
mediunidade, que Jesus fizera, grupos religiosos tentaram proibir de novo o
intercâmbio mediúnico, dizendo ser obra do demônio e perseguindo os que o
praticavam, sob a acusação de serem bruxos, feiticeiros.
Mas Deus já "derramou o seu espírito sobre toda a
carne", a sensibilidade já se desenvolveu na espécie humana e a
mediunidade se generalizou, sendo impossível conter a manifestação dos
espíritos por toda parte.
Surge, então, o Espiritismo, que utiliza a mediunidade
como instrumento valioso de espiritualização da humanidade. Também não concorda
que se faça mau uso dela, esclarece que sua finalidade é superior e ensina
técnicas para a segurança e proveito espiritual na sua prática, especialmente
em "O Livro dos Médiuns", de Allan Kardec.
"Sem a força disciplinadora da Doutrina dos
Espíritos, sem a orientação cristã do Espiritismo, seriam os fenômenos, sem
dúvida, apenas um turbilhão de energias avassalantes, desorientadas, sem rumo
nem objetivo definido, sem finalidade educativa." (Martins Peralva - cap.
26 - Mediunidade e Evolução)
(Estudos Sobre Mediunidade - CEAK - 1º Fascículo –
Campinas/SP)
A Mediunidade Não é Exclusividade do Espiritismo
"Ante a palavra mediunidade, a nossa mente
dirige-se, naturalmente, para a Doutrina que Allan Kardec, o insigne
Codificador, estruturou no plano físico.
A associação é compreensível, porque, embora as
manifestações mediúnicas tenham-se verificado desde os primeiros tempos da
evolução planetária, foi o Espiritismo que, na segunda metade do século XIX,
não só as classificou, metodicamente, mas igualmente estabeleceu diretrizes
para a sua prática.
Sem a força disciplinadora da Doutrina dos Espíritos, sem
a orientação cristã do Espiritismo, seriam os fenômenos, sem dúvida, apenas um
turbilhão de energias avassalantes, desorientadas, sem rumo nem objetivo
definido, sem finalidade educativa."
(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Pág. 93)
“Uma das partes mais fascinantes do Espiritismo é, sem
dúvida, a mediunidade. É um campo rico de problemas, onde o estudioso
encontrará farto material para observações e estudos.
Não nos alongaremos na técnica da mediunidade, a qual
poderá ser facilmente estudada em livros especializados. Queremos aqui
simplesmente chamar a atenção para os dois pontos seguintes:
1º - A mediunidade não depende do Espiritismo;
2º - Por que o Espiritismo usa a mediunidade.
A mediunidade é um meio de comunicação; ela serve para
que duas esferas, ou se quiserem, dois mundos se comuniquem entre si: o mundo
ou esfera material habitado por nós e o mundo ou esfera espiritual habitado
pelos espíritos.
É um erro supor que o Espiritismo inventou a mediunidade.
A mediunidade sempre existiu, uma vez que sempre existiram as duas esferas.
As pessoas que usam a mediunidade chamam-se médiuns.
Também os médiuns não são exclusividade do Espiritismo; deles sempre houve e se
manifestam não somente no seio do Espiritismo, como também no seio de todas as
outras religiões, no de todas as camadas sociais, entre ricos e entre pobres,
entre crentes e descrentes, entre letrados e iletrados.
A mediunidade é uma qualidade inerente ao espírito e não
há ninguém privado dela. E assim, num sentido geral, todos nós encarnados somos
médiuns.
Entretanto, o grau de mediunidade varia de pessoa para
pessoa: em algumas é acentuado, em outras menos, chegando a um mínimo
imperceptível em grande número. Acontece que poucos sabem usar conscientemente
a mediunidade; a esses poucos é que se dá, especificamente, o nome de médiuns.
Médiuns, por conseguinte, são as pessoas que se dedicam
com sinceridade e carinho ao intercâmbio entre os dois mundos, transmitindo-nos
com mais facilidade as instruções e as explicações provindas dos desencarnados.
Quando as pessoas que se dedicam às Belas Artes em geral,
os escritores, os sábios, os religiosos, os benfeitores da humanidade,
concretizam na Terra suas obras e seus ideais, recebem a inspiração necessária
através da mediunidade de que são portadores. As grandes realizações humanas
chegam à Terra, provindas dos planos superiores, pela mediunidade dos que estão
aptos a entendê-las e a executá-las.
Sendo o Espiritismo uma religião que veio especialmente
para demonstrar-nos a imortalidade da alma e a vida que passaremos a viver
depois do fenômeno da morte, encontrou nos médiuns auxiliares preciosos para
coadjuvá-lo nessa tarefa.
Como os escafandristas que mergulham nos mares e de lá
trazem notícias da vida submarina e mesmo tesouros que o fundo do mar guarda,
assim o médium penetra na esfera espiritual e de lá traz informações valiosas
acerca de nossa vida futura e lições importantes para vivermos nobremente
enquanto formos encarnados.
Médiuns e mediunidade não são privilégios do Espiritismo.
O que acontece é que o Espiritismo sabe tirar todo o proveito possível da
mediunidade, colocando-a a serviço da libertação da alma humana e
descerrando-lhe horizontes espirituais ilimitados.
Resumindo: através da mediunidade estudamos o mundo
espiritual; vemos o estado em que lá vivem os desencarnados; conhecemos os
resultados das ações que os desencarnados praticam na terra; e como “homem
prevenido vale por dois”, aprendemos a pautar nossa vida segundo as leis
divinas consubstanciadas no Evangelho de Jesus, para evitarmos as péssimas
conseqüências do desrespeito a essas leis.
Longe de ser combatida ou ironizada, a mediunidade
precisa ser carinhosamente estudada, por constituir luminoso caminho de
progresso para a humanidade.
(O Espiritismo Aplicado - Eliseu Rigonatti - Pag. 54)
Questões da Mediunidade – 3ª parte
Quando Surge a Mediunidade
"O surgimento da faculdade mediúnica não depende de
lugar, idade, condição social ou sexo.
Pode surgir na infância, adolescência ou juventude, na
idade madura ou na velhice.
Pode revelar-se no Centro Espírita, em casa, em templos de quaisquer denominações religiosas, no materialista.
Pode revelar-se no Centro Espírita, em casa, em templos de quaisquer denominações religiosas, no materialista.
Os sintomas que anunciam a mediunidade variam ao
infinito.
Reações emocionais insólitas.
Sensação de enfermidade, só aparente.
Calafrios e mal-estar.
Irritações estranhas.
Algumas vezes, aparece sem qualquer sintoma. Espontânea.
Exuberante.
Um botão de rosa (a figura é de Emmanuel) que desabrocha
para, no encanto e o perfume de uma rosa, embelezar a vida.
Desabrochando, naturalmente, a mediunidade é esse botão,
tendo por jardineiro o Espiritismo, que cuidará de seu crescimento."
(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Cap. 3)
Mediunidade é Sintonia
"Mediunidade é sintonia e filtragem. Cada Espírito
vive entre as forças com as quais se combina, transmitindo-as segundo as
concepções que lhe caracterizam o modo de ser."
(Pérolas do Além - Chico Xavier - Pag. 153)
"As bases de todos os serviços de intercâmbio, entre
os desencarnados e encarnados, repousam na mente, não obstante as
possibilidades de fenômenos naturais, no campo da matéria densa, levados a
efeito por entidades menos evoluídas ou extremamente consagradas à caridade
sacrificial.
De qualquer modo, porém, é no mundo mental que se
processa a gênese de todos os trabalhos da comunhão de espírito a espírito.
Precisamos compreender - repetimos - que os nossos
pensamentos são forças, imagens, coisas e criações visíveis e tangíveis no
campo espiritual.
Atraímos companheiros e recursos, de conformidade com a
natureza de nossas ideias, aspirações,
invocações e apelos.
Energia viva, o pensamento desloca, em torno de nós,
forças sutis, construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou
ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros.
Nosso êxito ou fracasso dependem da persistência ou da fé
com que nos consagramos mentalmente aos objetivos que nos propomos alcançar.
Semelhante lei de reciprocidade impera em todos os
acontecimentos da vida.
Comunicar-nos-emos com as entidades e núcleos de
pensamentos, com os quais nos colocamos em sintonia.
Na mediunidade, essas leis se expressam, ativas.
Ninguém está só.
Cada criatura recebe de acordo com aquilo que dá.
Cada alma vive no clima espiritual que elegeu, procurando
o tipo de
experiência em que situa a própria felicidade.
Estejamos, assim, convictos de que os nossos companheiros
na Terra ou no Além são aqueles que escolhemos com as nossas solicitações
interiores, mesmo porque, segundo o antigo ensinamento evangélico,
"teremos nosso tesouro onde colocarmos o coração"."
(Roteiro - Emmanuel - Pag. 121)
"Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em
nossos atos?
Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de
ordinário, são eles que vos dirigem."
(O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - Perg. 459)
"A assertiva dos Espíritos a Allan Kardec demonstra
que, na maioria das vezes, estamos todos nós - encarnados - agindo sob a
influência de entidades espirituais que se afinam com o nosso modo de pensar e
de ser, ou em cujas faixas vibratórias respiramos.
Isto não nos deve causar admiração, pois se analisarmos a
questão sob o aspecto puramente terrestre chegaremos à conclusão de que vivemos
em permanente sintonia com as pessoas que nos rodeiam, familiares ou não, das
quais recebemos influenciações através das ideias que exteriorizam, dos
exemplos que nos são dados, e também que influenciamos com a nossa
personalidade e pontos de vista.
Quando acontece de não conseguirmos exercer influência
sobre alguém de nosso convívio e que desejamos aja sob o nosso prisma pessoal,
via de regra tentamos por todos os meios convencê-lo com argumentos persuasivos
de deferente intensidade, a fim de lograrmos o nosso intento.
Natural, portanto, ocorra o mesmo com os habitantes do
mundo espiritual, já que são eles os seres humanos desencarnados, não tendo
mudado, pelo simples fato de deixarem o invólucro carnal, a sua maneira de
pensar e as características da sua personalidade.
Assim, vamos
encontrar desde a atuação benéfica de Benfeitores a amigos espirituais, que
buscam encaminhar-nos para o bem, até os familiares que, vencendo o túmulo,
desejam prosseguir gerindo os membros do seu clã familial, seja com bons ou
maus intentos, bem como aqueles outros a quem prejudicamos com atos de maior ou
menor gravidade, nesta ou em anteriores reencarnações, e que nos procuram, no
tempo e no espaço, para cobrar a dívida que contraímos.
Por sua vez, os que estão no plano extrafísico também se
acham passíveis das mesmas influenciações, partidas de mentes que lhes
compartilham o modo de pensar, ou de outras que se situam em planos superiores,
e, no caso de serem ainda de evolução mediana ou inferior, de desafetos, de
seres que se buscam intensamente pelo pensamento, num conúbio de vibrações e
sentimentos incessantes. Essa permuta é contínua e cabe a cada indivíduo escolher,
optar pela onda mental com que irá sintonizar.
Portanto, a resposta dos Espíritos a Kardec nos dá uma
noção exata do intercâmbio existente entre os seres humanos, seja ele
inconsciente ou não, mas, de qualquer modo, real e constante."
(Obsessão/Desobsessão - Suely Caldas Schubert - Cap. 1)
"Nosso Espírito residirá onde projetarmos nossos
pensamentos, alicerces vivos do bem e do mal. Por isto mesmo, dizia Paulo,
sabiamente: - "Pensai nas coisas que são de cima"."
(Palavras de Emmanuel - Chico Xavier - Pag. 148)
Comunicação Entre o Mundo Material e Espiritual
"Os Espíritos vivem, ora na Terra, encarnados, ora
no espaço, desencarnados, mas, os interesses recíprocos, de toda ordem, que os
unem, fazem com que se comuniquem, embora situados em planos diferentes de
vibração, por meio da mediunidade, faculdade orgânica de que são dotadas todas
as criaturas, em maior ou menor grau de desenvolvimento.
Há, assim, um intercâmbio ativo e contínuo de idéias e
mesmo de interesses materiais, que assegura o permanente contato entre os dois
mundos, prova evidente da sobrevivência do Espírito ao perecimento do corpo
material, de que se servia, quando na Terra.
A vida, em verdade, é contínua, e tudo quanto apresente
de grandeza ou miséria retrata, por igual, as duas comunidades, que reagem
constantemente entre si, intimamente ligadas pela origem e ideais.
Coube ao Espiritismo revelar o mecanismo dessas
revelações, estudando as leis que as regem, e mostrar a necessidade de submeter
todas as manifestações à direção e controle de pessoas esclarecidas, estudiosas
e moralizadas.
Na verdade, os encarnados sofrem verdadeiro assédio de
seus irmãos do mundo espiritual, a que continuam ligados por sentimentos de
amor, saudade, ódio, medo, remorso, vingança, alimentados, também, por eles,
intensamente.
Nos seus diversos graus de intensidade, a atuação dos
Espíritos sobre os encarnados pode acarretar-lhes, como de fato acontece,
perturbações das mais sérias, agravadas por sua invigilância e seus pensamentos
negativos e pelos laços que os prendem, de vidas anteriores, aos antigos
comparsas, hoje desencarnados.
Então teremos, como é sabido, as obsessões, as
subjugações, as possessões, que hoje avassalam a maioria das criaturas.
Disciplinando a mediunidade, estudando e controlando os fenômenos,
a que dá causa, o Espiritismo esclarece, em termos técnicos, corretos e
simples, o mecanismo da comunicação entre encarnados e desencarnados,
oferecendo aos homens os meios seguros de convivência com os que já partiram,
mostrando-lhes como tornar proveitoso e útil esse intercâmbio.
A Doutrina Espírita nos demonstra que, segundo a lei
divina do Amor, devemos ser humildes e aceitar com resignação as provas, que
nos são impostas, como consequência de nossas más ações em vidas pregressas,
quando, então, ofendemos irmãos que confiaram em nós e que agora procuram, em
sua ignorância espiritual, cobrar aquilo a que se julgam com direito, embora
ninguém possa fazer justiça pelas próprias mãos. Devemos ter fé e trabalhar,
com dedicação, pelo esclarecimento desses irmãos, orando muito por eles e
realizar a nossa própria reforma íntima, indispensável respaldo do nosso desejo
de progresso espiritual, de nossa paz interior.
O intercâmbio com os irmãos da espiritualidade também nos
proporciona ensinamentos preciosos, pelas mensagens recebidas de entidades
categorizadas e que constituem advertências, conselhos, roteiros seguros para
nossas vidas, sujeitos que estamos a difíceis provas, individuais e coletivas.
Não nos deixemos, porém, enganar, porque entre o mediunismo
sem doutrina e a prática consciente e disciplinada da mediunidade, como
comprova o Espiritismo, a diferença é muito grande, e depende de nós a escolha
do meio mais adequado de mantermos o intercâmbio com os irmãos da
espiritualidade, aos quais devemos levar a contribuição do nosso saber e
sincero desejo de ajuda e esclarecimento quando necessitados, recebendo,
outrossim, dos que estejam em condições de assim proceder, o ensino precioso de
suas mensagens de consolação."
(O Espiritismo Básico - Pedro Franco Barbosa - FEB - Pág.
143)
Questões da Mediunidade – 2ª parte
Amílcar Del
Chiaro Filho
O Que é Mediunidade
"Chama-se mediunidade o conjunto de faculdades que
permitem ao ser humano comunicar-se com o mundo invisível."
(Pérolas do Além - Chico Xavier - FEB - Pag. 155)
Espíritos e Médiuns – Léon Denis Cap.
III
382. Qual a verdadeira definição da mediunidade?
"A mediunidade é aquela luz que
seria derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do
Consolador, atualmente em curso da Terra.
A missão mediúnica, se tem os seus
percalços e as suas lutas dolorosas, é uma das mais belas oportunidades de
progresso e de redenção concedidas por Deus aos seus filhos misérrimos.
Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo
do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da
criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e
da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na
sua trajetória pela face do mundo." (O Consolador - Emmanuel - Pergunta 382)
"Para conhecer as coisas do mundo visível e
descobrir os segredos da Natureza material, outorgou Deus ao homem a vista
corpórea, os sentidos e instrumentos especiais. Com o telescópio, ele mergulha
o olhar nas profundezas do espaço, e, com o microscópio, descobriu o mundo dos
infinitamente pequenos. Para penetrar no mundo invisível, deu-lhe a
mediunidade." (O
Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - Cap. XXVIII, nº 9)
"Mediunidade, pois, é meio de comunicação entre o mundo
espiritual e o mundo físico. Convivência e intercâmbio. Desenvolvimento e
aplicação das potencialidades divinas. "Vós sois Deuses, disse
Jesus". (Mediunidade
e Evolução - Martins Peralva - Cap. 2)
"Mediunidade, em termos gerais, é oportunidade para
que o Espírito se reabilite de enganos do pretérito. Poucos médiuns - muito
pouco mesmo - são missionários. A maioria, constituída de almas que faliram,
estão tentando subir o monte da redenção, pelo trabalho mediúnico, sustentada
na oração." (Mediunidade
e Evolução - Martins Peralva - Pag. 92)
"Mediunidade, em boa sinonímia, é, sobretudo,
sintonia, afinidade." (Emmanuel)
Todos Nós Somos Médiuns?
"A mediunidade não é exclusiva dos chamados
"médiuns". Todas as criaturas a possuem, porquanto significa percepção
espiritual, que deve ser incentivada em nós mesmos. Não bastará, entretanto,
perceber. É imprescindível santificar essa faculdade, convertendo-a no
ministério ativo do bem. A maioria dos candidatos ao desenvolvimento dessa
natureza, contudo, não se dispõe aos serviços preliminares de limpeza do vaso
receptivo.
Dividem, inexoravelmente, a matéria e o espírito,
localizando-os em campos opostos, quando nós, estudantes da verdade, ainda não
conseguimos identificar rigorosamente as fronteiras entre uma e outro,
integrados na certeza de que toda a organização universal se baseia em
vibrações puras." (Pérolas
do Além - Chico Xavier - FEB - Pag. 149)
383. É justo considerarmos todos os homens como médiuns?
- "Todos os homens têm o seu grau de mediunidade,
nas mais variadas posições evolutivas, e esse atributo do espírito representa,
ainda, a alvorada de novas percepções para o homem do futuro, quando, pelo
avanço da mentalidade do mundo, as criaturas humanas verão alargar-se a janela
acanhada dos seus cinco sentidos." (O Consolador - Emmanuel - Pergunta 383)
"33. Médiuns são pessoas aptas a sentir a influência
dos Espíritos e a transmitir os pensamentos destes. Toda pessoa que, num grau
qualquer, experimente a influência dos Espíritos é, por esse simples fato, médium.
Essa faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não constitui privilégio
exclusivo, donde se segue que poucos são os que não possuam um rudimento de tal
faculdade. Pode-se, pois, dizer que toda gente, mais ou menos, é médium.
Contudo, segundo o uso, esse qualificativo só se aplica àqueles em quem a
faculdade mediúnica se manifesta por efeitos ostensivos, de certa
intensidade."
(Obras Póstumas - Allan Kardec - FEB - Pag. 57) "A maioria dos
homens habituou-se a crer que médium só o é aquele que, em mesa específica de
trabalhos mediúnicos, psicografia ou fala, ouve ou vê os Espíritos, alivia ou
cura os enfermos.
O pensamento geral, erroneamente, difundido
além-fronteiras do Espiritismo, é de que médium somente o é aquele que dá
passividade aos desencarnados, oferecendo-lhes a organização medianímica para a
transmissão da palavra falada ou escrita.
Em verdade, porém, médiuns somos todos nós que
registramos, consciente ou inconscientemente, idéias e sugestões dos Espíritos,
externando-as, muita vez, como se fossem nossas." (Mediunidade e Evolução - Martins
Peralva - Cap. 7)
2ª. Sempre se há dito que a mediunidade é um dom de Deus,
uma graça, um favor. Por que, estão, não constitui privilégio dos homens de bem
e por que se vêem pessoas indignas que a possuem no mais alto grau e que dela
usam mal?
"Todas as faculdades são favores pelos quais deve a
criatura render graças a Deus, pois que homens há privados delas. Poderias
igualmente perguntar por que concede Deus vista magnífica a malfeitores,
destreza a gatunos, eloquência aos que dela se servem para dizer coisas
nocivas. O mesmo se dá com a mediunidade. Se há pessoas indignas que a possuem,
é que disso precisam mais do que as outras, para se melhorarem.
Pensas que Deus recusa meios de salvação aos culpados? Ao
contrário, multiplica-os no caminho que eles percorrem; põe-nos nas mãos deles.
Cabe-lhes aproveitá-los. Judas, o traidor, não fez milagres e não curou
doentes, como apóstolo? Deus permitiu que ele tivesse esse dom, para mais
odiosa tornar aos seus próprios olhos a traição que praticou." (O Livro dos Médiuns - Allan Kardec -
Cap. XX)
"Há quem se admire de que, por vezes, a mediunidade
seja concedida a pessoas indignas, capazes de a usarem mal. Parece, dizem, que
tão preciosa faculdade deverá ser atributo exclusivo dos de maior merecimento.
Digamos, antes de tudo, que a mediunidade é inerente a
uma disposição orgânica, de que qualquer homem pode ser dotado, como da de ver,
de ouvir, de falar. Ora, nenhuma há de que o homem, por efeito do seu
livre-arbítrio, não possa abusar, e se Deus não houvesse concedido, por
exemplo, a palavra senão aos incapazes de proferirem coisas más, maior seria o
número dos mudos do que o dos que falam. Deus outorgou faculdades ao homem e
lhe dá a liberdade de usá-las, mas não deixa de punir o que delas abusa.
Se só aos mais dignos fosse concedida a faculdade de
comunicar com os Espíritos, quem ousaria pretendê-la? Onde, ao demais, o limite
entre a dignidade e a indignidade? A mediunidade é conferida sem distinção, a
fim de que os Espíritos possam trazer a luz a todas as camadas, a todas as
classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos retos, para os fortificar no
bem, aos viciosos para os corrigir.
Não são estes últimos os doentes que necessitam de
médico? Por que o privaria Deus, que não quer a morte do pecador, do socorro
que o pode arrancar ao lameiro? Os bons Espíritos lhe vêm em auxílio e seus
conselhos, dados diretamente, são de natureza a impressioná-lo de modo mais
vivo, do que se os recebesse indiretamente." (O Evangelho Segundo o Espiritismo -
Allan Kardec - Cap. XXIV)
Questões Sobre Mediunidade – 1ª parte
Amílcar Del
Chiaro Filho
A Doutrina Espírita ensina que todas as pessoas são
médiuns, porém, com graus diferentes de sensibilidade e produtividade. Todos
somos médiuns, mas médiuns ostensivos, capazes de transmitir as comunicações
dos espíritos, faladas, escritas, ou produzir fenômenos de ordem física, é um
número bem menor.
Ao tempo de Kardec surgiram algumas teorias sobre sinais
físicos que indicassem as pessoas que possuem mediunidade ostensiva. Kardec,
depois de observar e se aprofundar nessas teorias, desmentiu-as, dizendo que
não existe nenhum sinal físico que indique a mediunidade das pessoas.
Afirma ele que somente a experimentação pode determinar
se uma pessoa tem ou não faculdades mediúnicas ostensivas, ou mediunato,
conforme ele classificou em O Livro dos Médiuns.
Ele comenta, ainda, sobre a instabilidade das faculdades
mediúnicas, que podem aparecer ou serem suspensas num dado momento, quando a
pessoa menos espera. Diz o Mestre, que fisicamente a faculdade mediúnica
depende da assimilação mais ou menos fácil, dos fluidos perispirituais do
encarnado e do espírito desencarnado. Moralmente, está na vontade do espírito
em se comunicar, e ele se comunica quando lhe apraz, e não pela vontade do
médium.
Concluímos que, teoricamente, todos os médiuns podem se
comunicar com espíritos de todas as ordens, contudo, é preciso que exista
afinidade fluídica e vontade do espírito, assim como disponibilidade, pois o
espírito pode estar impossibilitado de se comunicar por estar ocupado em outras
tarefas ou impedido por outras causas.
Abordamos este assunto porque as vezes, espíritas
dedicados, nos perguntam por que familiares queridos desencarnados, nunca se
comunicaram com eles, nunca enviaram uma mensagem por algum médium. Outros
querem saber por que espíritas que realizaram grandes trabalhos aqui na Terra,
que foram líderes destacados, não se comunicam após a desencarnação.
Acreditamos que pela exposição que fizemos já estão
respondidas as duas questões. Entretanto, gostaríamos de salientar que não
vemos motivos para suspeitar de espíritas conhecidos não se comunicarem porque
estão em dificuldades no plano espiritual, por terem conduta excursa aqui na
Terra, ou duplicidade de comportamento, dentro e fora do centro.
Logicamente deve existir os que estão nessas condições,
mas generalizar é perigoso. Se aqui na Terra é difícil ajuizarmos sobre a
conduta moral das pessoas que conhecemos, imaginem como é muito mais difícil
conhecermos as condições morais de quem já reside em outro plano vibratório.
Mediunidade é ferramenta de trabalho para produzir em
benefício de todos e não para atender caprichos deste ou daquele. Méritos e
deméritos é algo muito difícil de ser avaliado por nós, mas pode ser avaliado
pelos espíritos superiores.
Esta matéria está baseada no livro, O Que É O Espiritismo
— segundo diálogo — O Céptico — item – Meios de Comunicação – 3ª pergunta.
O que é Médium
"159. Todo aquele que sente, num grau qualquer, a
influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao
homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras
são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que
todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam
aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz
por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma
organização mais ou menos sensitiva.
É de notar-se, além disso, que essa faculdade não se
revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão
especial para os fenômenos desta ou daquela ordem, donde resulta que formam
tantas variedades, quantas são as espécies de manifestações. As principais são:
a dos médiuns de efeitos físicos; a dos médiuns sensitivos ou impressionáveis;
a dos audientes; a dos videntes; a dos sonambúlicos; a dos curadores; a dos
pneumatógrafos; a dos escreventes ou psicógrafos."
(O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - Cap. XIV)
"Médium quer dizer medianeiro, intermediário. Mediunidade é a faculdade humana, natural, pela qual se estabelecem as relações entre homens e espíritos."
(Mediunidade - J. Herculano Pires - Cap. I)
"O médium é exatamente aquele indivíduo que tem a
possibilidade de propiciar a comunicação dos mortos com os vivos. Não se trata
de alguém dotado de poderes milagrosos, não! Nem de alguém atuado pelo demônio!
Tampouco alguém que sofra das faculdade mentais. Não, nada disto. Apenas tem a
condição de permitir o intercâmbio entre a Humanidade desencarnada e a
encarnada. Mediunidade, acima de tudo, é uma ferramenta de trabalho, para
consolar os que sofrem, para esclarecer os que se debatem nas trevas, quer
sejam encarnados ou desencarnados.
Na acepção mais ampla do termo, todos somos médiuns pois
todos estamos sujeitos à influência dos Espíritos. Uns mais, outros menos. No
entanto, há pessoas que apresentam esta faculdade em grau mais acentuado; nelas
o fenômeno se faz mais patente, mais evidenciado. São aquelas pessoas que vêem
os Espíritos, ouvem as suas vozes, dando-nos os seus recados e
mensagens..."
(A Obsessão e seu Tratamento Espírita - Celso Martins - Pag. 39)
"Os médiuns, em sua generalidade, não são
missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram
desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas, e
que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidade,
o passado obscuro e delituoso.
O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de
graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre, são espíritos que tombaram
dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da
inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor
do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade
e da virtude.
São almas arrependidas, que procuram arrebanhar todas as
felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifícios, tudo quanto
esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenável
insânia."
(Pérolas do Além - Chico Xavier - FEB - Pag. 155)
"Ser médium não quer dizer que a alma esteja
agraciada por privilégios ou conquistas feitas. Muitas vezes, é possível
encontrar pessoas altamente favorecidas com o dom da mediunidade, mas
dominadas, subjugadas por entidades sombrias ou delinquentes, com as quais se
afinam de modo perfeito, servindo ao escândalo e à perturbação, em vez de
cooperarem na extensão do bem.
Por isso é que não basta a mediunidade para a
concretização dos serviços que nos competem. Precisamos da Doutrina do
Espiritismo, do Cristianismo puro, a fim de controlar a energia medianímica, de
maneira a mobilizá-la em favor da sublimação espiritual na fé religiosa, tanto
quanto disciplinamos a eletricidade, a benefício do conforto na
Civilização."
(Pérolas do Além - Chico Xavier - FEB - Pag. 157)
Prática Mediúnica, de Rodrigues Ferreira
Com a excelência das técnicas modernas de comunicação, os
noticiários espíritas conseguem penetrar nos mais recônditos ambientes,
impressionando tanto pela lógica do arrazoado como pela comprovação através dos
fatos espontâneos.
Sendo muito espalhada a mediunidade entre as criaturas,
evidencia-se logo a necessidade de um tratamento adequado para com os médiuns.
Muitas pessoas gostam de lidar com os problemas fenomênicos, mas não se
abalançam para ombrear com os confrades nos mourejamentos diuturnos dos Centros
Espíritas.
Talvez porque existam muitos distúrbios diretivos; talvez
porque muitos líderes se julguem e ajam como se fossem os donos da Instituição;
talvez porque lá existam problemas de ciúmes e despeitos a se extravasarem
claros e dominantes; talvez porque a opinião pública faça mau juízo dos frequentadores
dos núcleos oficiais; talvez porque a própria família possa não entender muito
bem uma prática declarada; talvez, ainda, porque fosse muito elegante lidar com
os fatos, apenas, sem um compromisso mais profundo...
O certo, é, que há um grande contingente de simpatizantes
do Espiritismo , que não frequenta os Centros, ainda que sintam tal
necessidade. E como não podem deixar de atuar, aliviando a própria situação,
elaboram seus próprios trabalhos práticos em casa. É sobre estes que versa a
nossa análise de hoje.
Em primeiro lugar está a própria irrelevância motivante
da não frequência aos Centros o que justifica dizer-se que não se deve fazer
sessão mediúnica em casa. Os Centros são obras assistenciais do mais subido
valor. A Doutrina Espírita aplicada constitui um dos maiores benefícios que se
possa fazer a alguém e é nos Centros que ela se concentra para arremessar-se às
multidões. O simples apoio ao Centro já é, portanto, uma utilidade que se
presta, e, consequentemente, o não apoio passa a ser um mal, por ausência de
bem.
As sessões mediúnicas em casa trazem uma série de
inconvenientes que importa considerar:
1.
O desconforto material ofertado aos
presentes, constantemente mal acomodados, em locais improvisados e de trânsito
difícil.
2.
A falta de adequação geográfica determina uma
conveniência de encerramento rápido dos trabalhos, impedindo estudos
competentes.
3.
Além disso, as pessoas mais conhecedoras da
D.E. nunca estão presentes, ocupadas que se acham em trabalhos doutrinários nos
Centros que as reclamam e jamais dispensam. Assim, as sessões caseiras não
estão, em regra, orientadas por pessoas informadas.
4.
A execução do trabalho traz para o lar um
conjunto de Espíritos infelizes, enfermos e perturbados à procura de uma
solução para os seus males. Estas soluções, mesmo que existam, nunca são tão
rápidas, levando-os, portanto, a permanecerem no local, à espera. Já se vê a
inconveniência de transformar-se o lar, constantemente com crianças, em ponto
de estacionamento para Espíritos sofredores e, não raro, perversos. Por mais
que compareçam Espíritos bons, que se proponham a ajudar, as leis de tratamento
nunca são feitas em base de violência e choque de opiniões. Impera o
merecimento e o desmerecimento. Se a sessão já começara com um motivo inglório,
não conseguirá benefícios de exceção para desfazer as consequências negativas
filhas da invigilância.
5.
As emanações mentais enfermiças dos Espíritos
infelizes podem impregnar os locais de residência, incidindo sobre pessoas,
muitas vezes despreparadas, com prejuízos não previstos.
6.
A oferta da residência para visitas
constantes de Espíritos desordeiros e malfeitores pode tornar-se um hábito
perigoso e esses Espíritos sempre comparecem em trabalhos mediúnicos não
pautados pelos moldes ilibados de moral e produtividade. E quem de nós pode
jactar-se de conviver numa atmosfera de alta moralidade?
7.
A exemplificação negativa que as sessões
caseiras trazem, já não encaminhando os iniciantes aos Centros para os
testemunhos mais sérios, já competindo com as próprias células legais, enquanto
deixam de ministrar ensino correto da Doutrina Espírita.
8.
O prejuízo ao Movimento Espírita local é
incalculável, quando existem muitas residências que fazem as sessões próprias. Faltando
força ao Movimento não haverá promoções doutrinárias de valor, tais como
semanas espíritas, concentrações de juventude, campanhas de livros espíritas e
muitas outras, que divulgam os benefícios da crença ao mesmo tempo que motivam
e encorajam a procura e interesse pela Doutrina.
9.
A afirmação do menor esforço é um outro ponto
negativo. É claro que vai surgir o vicio de procurar-se um atalho para
quaisquer soluções desejáveis.
10. A
rudimentaridade dos conceitos e práticas atuando como fator de estacionamento
na fase inicial do conhecimento, já seria um bom motivo para preferir-se não
frequentar e não se apoiar em tais sessões.
11. A
situação de residência familiar já não seria um empecilho para as Entidades
benfeitoras promoverem a presença de aparelhagens e técnicas muito conhecidas
dos frequentadores das sessões práticas nos Centros Espíritas?
12. Um
último aspecto a citar-se, diz respeito ao ambiente psíquico da sala. Segundo
alguns autores, entre eles Torres Pastorino, em seu livro " Técnica da
Mediunidade ", a Espiritualidade Maior prepara o local previsto para
trabalhos práticos com grande antecedência, aplicando técnicas espirituais
convenientes, para evitar-se um carregamento elétrico prejudicial ao melhor
aproveitamento da reunião.
13. Coadjuvando estes cuidados os encarnados não
deveriam entrar nas salas de trabalhos, pelo menos umas três horas antes do seu
inicio, para não provocar ionizações indesejáveis através do próprio movimento
de corpos no ar.
Agora perguntamos: seria possível isolar completamente um
local, em uma casa residencial?
Com tantos aspectos falhos as sessões caseiras não poderão
ofertar soluções aceitáveis para os problemas psíquicos mais comuns.
Revista "Presença
Espírita".
Espinhos da Mediunidade
Todos nós sabemos da grande responsabilidade
que se assume no dia em que participamos de uma sessão espírita pretendendo o
posto de interprete dos Espíritos.
É natural o desejo de ser médium, de praticar
o intercâmbio com o mundo dos Espíritos, de sustentar conversações com os
nossos Guias Espirituais ou os nossos seres amados que partiram para o Além.
Mas, o que muitos de nós ignoram é que os
frutos bons que a mediunidade venha a dar dependem, dentre muitos outros
quesitos importantes, do modo pelo qual ela é desenvolvida.
Em verdade, a mediunidade não carece de ser
provocada. Ela se apresentará naturalmente, em época oportuna, suave ou
violentamente, conforme as faixas vibratórias que então nos envolvam, trate-se
de espíritas ou de adeptos de outras religiões.
Tratando-se de pessoa ponderada, estudiosa,
fiel à ideia de Deus, dotada de boas qualidades morais, a mediunidade desponta,
frequentemente, com suavidade, pelos canais da fé e do auxilio ao próximo.
Vemos, então, profitentes de quaisquer credos
religiosos, o espírita inclusive, impondo as mãos sobre o sofredor e
transmitindo o fluido generoso da cura, do alívio ao angustiado, da esperança
ao aflito, sem que seja necessária a busca sistemática do desenvolvimento, a
qual, se imprudente, na maioria dos casos tende a prejudicar o médium para
sempre.
E vemos também manifestações fortes,
conflitos, enfermidades e até obsessões, cujo advento se processa,
evidentemente, à revelia do indivíduo que lhes sofre os influxos.
Em tal acontecendo, é só orientar a
mediunidade, instruir o médium, se ele desconhecer os princípios legados pela
Doutrina Espírita; tratá-lo, se estiver doente, e deixá-lo praticar o bem com o
dom recebido da Natureza.
Todos esses exemplos, que diariamente se
apresentam em nossos caminhos, pois conhecemos pessoas de outros credos
religiosos que também curam com a imposição das mãos, são lições que devemos
acatar.
Indicam que esses são os médiuns mais seguros
porque espontâneos, cuja faculdade floresceu em tempo preciso, sem necessidade
de longos períodos, incômodos e muitas vezes contraproducentes, das provocações
do desenvolvimento.
Ora, frequentemente somos solicitado por
candidatos ao exercício da mediunidade para esclarecimento sobre a sua própria
situação de pretendentes ao intercâmbio com o Invisível.
Sentem-se confusos, inquietos, vacilantes,
sem nada obterem de positivo depois de um, dois e mais anos de esforços para o
desenvolvimento, fato por si só bastante para indicar os pouquíssimos recursos
mediúnicos do candidato, que entretanto é sincero e bem assistido pelo seu
Espírito familiar, não se deixando enlear pela autossugestão.
Que esforços, porém, faz ele? Apenas a
presença à mesa de sessões, a insistência aflitiva para que possa escrever
mensagens, coisas belas, ou fazer oratórias que satisfaçam.
Muitas vezes, senão de modo geral, o
desenvolvimento advém não propriamente da faculdade mediúnica, mas da própria
mente do médium, que assim se estimula, e então se dá o menos desejado: a
subconsciência do médium a agir por si mesma, excitada pelo esforço e a
vontade, como sendo um agente desencarnado; sua mente a externar-se em
comunicações apócrifas, que só servem para empanar a verdadeira faculdade e
empalidecer o brilho desse dom sublime outorgado por Deus ao homem.
Muitos dos que insistem no desenvolvimento
mediúnico asseveram que determinado Espírito lhes afiançou que são médiuns
dessa ou daquela especialidade; psicógrafos, de incorporação, de vidência, etc.
No entanto, os mestres da Doutrina Espírita, com Allan Kardec e Leon Denis à
frente, e os Instrutores Espirituais que merecem fé ( porque há os
pseudo-mentores espirituais) desde sempre observaram que "não há
nenhum indício pelo qual se reconheça a existência da faculdade mediúnica. Só a
experiência pode revelá-la. Mesmo que tal faculdade seja de
psicografia, de incorporação ou outra qualquer.
Poderemos, certamente, experimentar as nossas
potencialidades. Mas, a prática tem demonstrado que a experiência não deverá
ultrapassar de alguns poucos meses, caso nada se obtenha nesse período,
justamente para que a faculdade eventual seja protegida contra a invasão de
fenômenos outros, também psíquicos, mas não mediúnicos; fenômenos que o
linguajar moderno trata de parapsicológicos, e aos quais nós outros até agora
temos denominado de animismo, personalismo, autossugestão, etc.
O imoderado desejo de ser médium vai às vezes
ao ponto de se exercitar a vidência. Ora, a vidência é a faculdade melindrosa
por excelência, que não poderá suportar tal tratamento sem sofrer sérios distúrbios.
De modo algum pode ser provocada, a menos que se deseje sugestionar-se de que
está vendo alguma coisa, elaborando então os chamados clichês mentais, a
ideoplastia (a idéia plasmada na mente pela vontade). É bom não esquecer que o
pensamento é criador, constrói, realiza, mesmo que não concretize materialmente
aquilo que mentaliza ( ver o capítulo VIII de "O Livro dos Médiuns).
A respeito desses espinhos que às vezes
laceram os que tentam a mediunidade, fez o sábio analista Ernesto Bozzano
preciosas observações em seu elucidador livro "Pensamento e Vontade";
Leon Denis, o continuador de Allan Kardec, em seu compêndio "No
Invisível", brinda-nos com esclarecimentos substanciosos, enquanto Kardec,
além das lições gerais, diz o seguinte sobre a vidência: "A faculdade
de ver os Espíritos pode, sem dúvida, desenvolver-se, mas é uma das que convém
esperar o desenvolvimento natural, sem o provocar, em não se querendo ser
joguete da própria imaginação. Quando o gérmen de uma faculdade existe, ela se
manifesta de si mesma. Em princípio, devemos contentar-nos com as que Deus nos
outorgou, sem procurarmos o impossível, por isso que, pretendendo ter muito,
corremos o risco de perder o que possuímos.
Quando dissemos serem frequentes os casos de
aparições espontâneas, não quisemos dizer que são muito comuns. Quanto aos
médiuns videntes, propriamente ditos, ainda são mais raros e há muito que
desconfiar dos que se inculcam portadores dessa faculdade. É prudente
não se lhes dar crédito, senão diante de provas positivas(...)."
Da advertência do mestre insigne, deduzimos,
portanto, que é absurdo ( a experiência vem demonstrando que assim é) fazer
exercícios visando ao desenvolvimento da vidência, bem como entregar-se a
professores de vidência. A vidência é
manifestação espírita como qualquer outra e, portanto, os seus registros devem
ser examinados por pessoas competentes e experientes, que os passarão pelo
crivo da razão e do bom senso, a fim de serem aceitos.
Pouco sabemos ainda sobre a mediunidade.
Intensamente, porem, sentimos e presenciamos os seus efeitos. Achamo-nos ainda
nas preliminares da questão, não obstante datar a mediunidade de todos os
tempos, o que revela ser um dom outorgado por Deus. Mas, o que dela se sabe,
apesar da ignorância em que nos encontramos a seu respeito, já cabe em vários
volumes, como realmente vem cabendo, pois diversos livros existem sobre o magno
assunto.
Uma das mais importantes faces da
mediunidade, e que não podemos ignorar, porque o Alto disso nos esclarece e a
observação confirma, é que a prática da Caridade e do Amor para com o próximo
não somente é indispensável ao bom desenvolvimento da faculdade, mas também
garantia poderosa ao seu exercício feliz. Não, certamente, a prática de uma
caridade de fachada, interesseira, mas sim inspirada no verdadeiro sentimento
do coração. Desse modo, o candidato a interprete do mundo espiritual deve
iniciar o seu compromisso não só pela frequência às sessões mediúnicas, mas
pela prática do Bem, pelo auxílio ao sofredor, além do estudo consciencioso e
do empenho em prol da reforma moral gradativa de si mesmo.
Agindo assim, no momento em que advenham os
sinais indicadores de que realmente possui faculdades a desenvolver, estas se
apresentarão suavemente, sem choques, por se acharem protegidas pelas faixas
vibratórias da Caridade.
E será bom repisar: convém não precipitar o
desenvolvimento mediúnico. O seu progresso é lento; a mediunidade, ao que tudo
indica, desdobra-se, indefinidamente, e um médium nunca estará completamente
desenvolvido, mormente nos dias penosos da atualidade, quando mil problemas se
entrechocam ao seu derredor. Quanto mais a cultivarmos, com submissão às leis
divinas, mais ela se ampliará, crescerá no rumo dos conhecimento espirituais.
Não existem, pois, médiuns extraordinários,
não existem eleitos na mediunidade. Por conseguinte, não nos devemos fanatizar
pela mediunidade, endeusando os médiuns como se fossem homens e mulheres à
parte na escala humana. Eles são apenas instrumentos, ora bons, ora maus, das
forças invisíveis do Além, consoante o modo pelo qual dirijam os próprios atos
cotidianos. E deixarão de ser médiuns se os Espíritos não mais puderem ou
quiserem se servir deles.
Convém, pois, que os candidatos ao mediunato
meditem bastante ao se aprestarem para o papel que representarão na seara de
Jesus, o Mestre por excelência. A mediunidade é, certamente, um dom, entre os
muitos que Deus concede às almas criadas à sua imagem e semelhança. E a um dom
de Deus devemos, necessariamente, amar, respeitar e cultivar com sensatez e
prudência.
O Papel do Médium no Centro Espírita, de Julia Nezu
"Conhece-se a árvore pelos seus frutos. O homem de
bem retira boas coisas do bom tesouro do seu coração; o mau as tira do mau
tesouro do seu coração, porque a boca fala daquilo de que está cheio o seu coração."(Lucas,
VI, 43/45)
No capítulo XXIX, de "O Livro dos Médiuns" de
Allan Kardec, encontramos uma análise das reuniões em geral. As reuniões
espíritas, diz Kardec, podem oferecer grandes vantagens, pois permitem o
esclarecimento pela permuta de pensamentos, pelas perguntas e observações
feitas por qualquer um, de que todos podem aproveitar-se. As reuniões diferem
muito quanto às suas características, segundo os seus propósitos e estas
segundo sua natureza podem ser frívolas, experimentais ou instrutivas.
As reuniões frívolas constituem-se de pessoas que só se
interessam pelo aspecto de passatempo, que elas podem oferecer através da
manifestação de Espíritos levianos, que gostam de se divertir nessas espécies
de reunião, pois nelas encontram plena liberdade. Nessas reuniões é costume
pedir as coisas mais banais, como por exemplo, revelação do futuro,
adivinhações, aquisição de bens materiais, etc.
Já as reuniões experimentais têm mais particularmente por
finalidade a produção de manifestações físicas e estas levaram a descobertas de
leis que regem o mundo espiritual e as reuniões instrutivas têm características
inteiramente diversas, e é nelas que podemos obter o verdadeiro ensinamento. A
instrução espírita compreende não somente o ensino moral dado pelos Espíritos,
mas também o estudo dos fatos.
Abrange a teoria dos fenômenos, a pesquisa das causas, e
como consequência, a constatação do que é possível e do que não o é. As
reuniões de estudo são de grande utilidade para os médiuns de manifestações
inteligentes, sobretudo para os que desejam seriamente aperfeiçoar-se e, por
isso mesmo, não comparecem a elas com a presunção da infalibilidade.
A concentração e a comunhão de pensamentos sendo como as
condições necessárias de toda reunião séria, compreende-se que o grande número
de assistentes é uma das causas mais contrárias à homogeneidade. Outra
exigência não menos necessária é a de regularidade das sessões, em dias e
horários fixos, pois sempre encontram-se Espíritos que comparecem com
habitualidade e se colocam à disposição nesses momentos.
São condições para angariar a simpatia dos Espíritos
superiores e obter boas comunicações, a perfeita comunhão de ideias e
sentimentos; benevolência recíproca entre todos os membros; renúncia de todo
sentimento contrário à verdadeira caridade cristã; desejo uníssono de se
instruir e de melhorar pelo ensinamento dos bons Espíritos, com renúncia ao
orgulho, amor próprio e de supremacia.
Kardec, no capítulo XVII, sobre a formação dos médiuns,
onde trata do desenvolvimento da mediunidade, especialmente, de médiuns
escreventes, mais conhecidos na atualidade, como médiuns de psicografia, afirma
que este o gênero de mediunidade que mais se expandiu e também porque é, a um
tempo, o mais simples, o mais cômodo, o que proporciona resultados mais
satisfatórios e mais completos.
A dificuldade encontrada pela maioria dos médiuns
iniciantes é a de ter que lidar com os Espíritos inferiores, daí a necessidade
de dominar as suas más inclinações, para não sofrer as obsessões e as fascinações.
André Luiz, em "Missionários da Luz", no
capítulo 5, a
respeito do desenvolvimento mediúnico, pondera que antes de iniciá-lo, deve-se
procurar a elevação de ideais e pensamentos, pois, o intercâmbio do pensamento
é movimento livre no universo; cada mente é um verdadeiro mundo de emissão e
recepção e cada qual atrai os que se lhe assemelham.
No livro "Mecanismos da Mediunidade", no
capítulo Jesus e a Mediunidade, André Luiz narra que para recepcionar o influxo
mental de Jesus, por ocasião do Seu nascimento na Terra, um grupo de médiuns
preparados sustentou o circuito de forças a que se ajustou a onda mental do
Cristo, para daí expandir-se na renovação do mundo.
Zacarias e Isabel, pais de João eram justos perante Deus.
Maria de Nazaré estava em posição de louvor diante do Pai e José de Galiléia
era justo. Simeão que aguardou em prece era também justo e obediente a Deus.
Ana, a viúva que esperou em oração, no templo de Jerusalém, vivia servindo a
Deus.
Da mesma forma, os médiuns das casas espíritas são o sustentáculo
do circuito de forças a que se ajustam as ondas mentais do Cristo e de seus
prepostos, Espíritos elevados, que atuam sobre a face da Terra. Se os médiuns
que compõem uma casa espírita não forem justos, obedientes, servidores do
Cristo, como o foram Maria, José, Simeão e outros, as forças inferiores
dominarão o ambiente das Casas Espíritas e não poderá haver a sintonia com o
Cristo...
Médiuns Sensacionalistas, de Vianna de Carvalho (espírito)
A frase de João Batista: "É necessário que Ele
cresça, e que eu diminua", tem atualidade no comportamento dos médiuns de
todas as épocas, especialmente em nossos dias tumultuados.
À semelhança do preparador das veredas, o médium
deve diminuir, na razão direta em que o serviço cresça, controlando o
personalismo, a fim de que os objetivos a que se entrega assumam o lugar que
lhes cabe.
A mediunidade é faculdade neutra, a que os valores morais
do seu possuidor oferecem qualificação.
Posta a serviço do sensacionalismo entorpece os centros
de registro e decompõe-se. Igualmente, em razão do uso desgovernado a que vai
submetida, passa ao comando de Entidades, perversas e frívolas, que se
comprazem em comprometer o invigilante, levando-o a estados de desequilíbrio
como de ridículo, por fim, ao largo do tempo, empurrando o médium para
lamentáveis obsessões.
Entre os gravames que a mediunidade enfrenta, a vaidade e
o personalismo do homem adquirem posição de relevo, desviando-o do rumo
traçado, conduzindo-o ao sensacionalismo inquietante e consumidor.
Neste caso. o recolhimento, a serenidade e o equilíbrio
que devem caracterizar o comportamento psíquico do médium cedem lugar à
inquietação, à ansiedade, aos movimentos irregulares das atrações externas,
passando a sofrer de irritação, devaneios, e à crença de que repentinamente se
tornou pessoal especial, irrepreensível e irreprochável, não tendo ouvidos para
a sensatez nem discernimento para a equidade.
Torna-se absorvido pelos pensamentos de vanglória, e,
disputado pelos irresponsáveis que lhe incensam o orgulho, levam-no à lenta
alucinação, que o atira ao abismo da loucura. A faculdade mediúnica é
transitória como outra qualquer, devendo ser preservada mediante o esforço
moral de seu possuidor, assim tornando-se simpático aos Bons Espíritos que o
inspiram à humildade, à renuncia, à abnegação.
Quando ao personalismo sensacionalista domina o psiquismo
do homem, naturalmente que o aturde, tornando-se mais grave nos sensores
mediúnicos cuja constituição delicada se desarticula ao impacto dos choques
vibratórios dos indivíduos desajustados e das massas esfaimadas, insaciadas,
sempre à cata de novidades e variações, sem assumirem compromissos
dignificantes.
S. João Bosco, portador de excelentes faculdades
mediúnicas, resguardava-as da curiosidade popular, utilizando-as com discrição
nas finalidades superiores. Santa Brígida, da Suécia, que possuía variadas
expressões mediúnicas, mantinha o pudor da humildade, ao narrar os fenômenos de
que se fazia objeto.
José de Anchieta, médium admirável e curador eficiente,
agia com equilíbrio cristão, buscando sempre transferir para Jesus os
resultados das suas ações positivas.
S. Pedro de Alcântara, virtuoso médium possuidor de vários
"dons", ocultava-os, a fim de servir, apagado, enquanto o Senhor, por
seu intermédio, se engrandecia.
Santa Clara de Montefalco procurava não despertar
curiosidade para os fenômenos mediúnicos de que era instrumento, atribuindo-os
todos à graça divina de que se reconhecia sem merecimento.
Os médiuns que cooperaram na Codificação do Espiritismo,
sensatamente anularam-se, a fim de que a Doutrina fixasse nas almas e vidas as
bases da verdade e do amor como formas para a aquisição dos valores espirituais
libertadores.
Todo sensacionalismo altera a face do fato e lhe adultera
o conteúdo. Quando este se expressa no fenômeno mediúnico corrompe-o,
descaracteriza-o e põe-no a serviço da frivolidade.
Todos quantos se permitiram, na mediunidade, o engano do
sensacionalismo, não obstante as justificações sob as quais se resguardam,
desceram as rampas do fracasso, enganados e enganando aqueles que se deixaram
fascinar pelos seus espetáculos, nos quais, o ridículo passou a figurar.
O tempo, este lutador incessante, encarrega-se de aferir
os valores e demonstrar que a "árvore" que o Pai não plantou
"termina" por ser arrancada.
Quando tais aficionados da mediunidade bulhenta se derem
conta do erro, caso isto venha acontecer, na Terra, possivelmente, o caminho de
retorno à sensatez estará muito longo e o sacrifício para percorrê-lo os
desencorajará. Diante do sensacionalismo mediúnico, recordemo-nos de Jesus, que
após os admiráveis fenômenos de socorro às massas jamais aceitava o aplauso, as
homenagens e gratulações dos beneficiários, recolhendo-se à solidão para, no
silêncio, orar, louvando e agradecendo ao Pai, a Eterna Fonte geradora do Bem.
Mensagem psicografada por Divaldo P. Franco em 1989,
transcrita em o
Reformador.
Médiuns Irresponsáveis, de Manoel Philomeno de Miranda (espírito)
Associou-se indevidamente à pessoa portadora de
mediunidade ostensiva a qualidade de Espírito elevado.
O desconhecimento do Espiritismo ou a informação
superficial sobre a sua estrutura deu lugar a pessoas insensatas considerarem
que, o fato de alguém ser possuidor de amplas faculdades medianímicas,
caracteriza-se como um ser privilegiado, digno de encômios e projeção, ao mesmo
tempo possuidor de um caráter diamantino, merecendo relevante consideração e
destaque social.
Enganam-se aqueles que assim procedem, e agem
perigosamente, porquanto, a mediunidade é faculdade orgânica, de que quase
todos os indivíduos são portadores, variando de intensidade e de recursos que
facultem o intercâmbio com os Espíritos, encarnados ou não.
Neutra, do ponto de vista moral, em si mesma, a
mediunidade apresenta-se como oportunidade de serviço edificante, que enseja ao
seu portador os meios de auto iluminar-se, de crescer moral e intelectualmente,
de ampliar os dons espirituais, sobretudo, preparando-se para enfrentar a
consciência após a desencarnação.
Às vezes, Espíritos broncos e rudes apresentam admiráveis
possibilidades mediúnicas, que não sabem ou não querem aproveitar devidamente,
enquanto outros que se dedicam ao Bem, que estudam as técnicas da educação das
faculdades psíquicas, não conseguem mais do que simples manifestações,
fragmentárias, irregulares, quase decepcionantes.
Não se devem entristecer aqueles que gostariam de
cooperar com a mediunidade ostensiva, porquanto a seara do amor possui campo
livre para todos os tipos de serviço que se possa imaginar.
Ser médium da vida, ajudando, no lar e fora dele,
exercitando as virtudes conhecidas, constitui forma elevada de contribuir para
o progresso e desenvolvimento da Humanidade.
Através da palavra, oral e escrita, quantos socorros
podem ser dispensados, educando-se as criaturas, orientando-as, levando-as à
edificação pessoal, na condição de médium do esclarecimento?!
Contribuindo, nas atividades espirituais da Casa
Espírita, pela oração e concentração durante as reuniões especializadas de
doutrinação, qualquer um se torna médium de apoio.
Da mesma forma, através da aplicação dos passes, da
fluidificação da água, brindando a bioenergia, logra-se a posição de médium da
saúde.
Na visita aos enfermos, mantendo diálogos confortadores,
ouvindo-os com paciência e interesse, amplia-se o campo da mediunidade de
esperança.
Mediante o dialogo com os aturdidos e perversos, de um ou
do outro plano da vida, exerce-se a mediunidade fraternal da iluminação de
consciência.
Neste mister, aguça-se a percepção espiritual e
desenvolvem-se os pródromos das faculdades adormecidas, que se irão tornando
mais lúcidas, a fim de serem usadas dignamente em futuros cometimentos das
próximas reencarnações.
Ser médium é tornar-se instrumento; e, de alguma forma,
como todos nos encontramos entre dois pontos distantes, eis-nos incursos na
posição de intermediários.
Ter facilidade, porém, para sentir os Espíritos é
compromisso que vai além da simples aptidão de contatá-los.
Desse modo, à semelhança da inteligência que se pode
apresentar em indivíduos de péssimo caráter, que a usam egoística,
perversamente, ou como a memória, que brota em criaturas desprovidas de lucidez
intelectual, e perde-se, pela falta de uso, também a mediunidade não é sintoma
de evolução espiritual.
Allan Kardec, que veio em nobre missão, Espírito evoluído
que é, viveu sem apresentar qualquer faculdade mediúnica ostensiva, enquanto
outros indivíduos do seu tempo, que exerceram a faculdade medianímica, por
inferioridade moral, venderam os seus serviços, enxovalharam-na, criaram graves
empecilhos à divulgação da Doutrina Espírita que, indevidamente, foi confundida
com os maus exemplos desses médiuns inescrupulosos e irresponsáveis.
Certamente, o médium ostensivo, aquele que facilmente se comunica com os
Espíritos, quando é dotado de sentimentos nobres e possui elevação,
torna-se missionário do Bem nas tarefas a que vai convocado, ampliando os
horizontes do pensamento para a imortalidade, para a vitória do ser libertado
de todas as paixões primitivas.
Normalmente, e as exceções são subentendidas, os
portadores de mediunidade ostensivas, porque se encontram em provações
reparadoras, falham no desiderato, após o deslumbramento que provocam e a auto fascinação
a que se entregam por invigilância e presunção.
Toda e qualquer expressão de mediunidade exige
disciplina, educação, correspondente conduta moral e social do seu portador, a
fim de facultar-lhe a sintonia com Espíritos Superiores, embora o convívio com
os infelizes, que lhe cumpre socorrer.
O médium irresponsável, porém, não é apenas aquele que,
ignorando os recursos de que se encontra investido, gera embaraços e
perturbações, tombando nas malhas da própria pusilanimidade, mas também,
aqueloutros que, esclarecidos da gravidade do compromisso, se permitem deslizes
morais, veleidades típicas do caráter doentio, terminando vitimados pelas
obsessões cruéis.
Todo aquele, portanto, que deseje entregar-se ao Bem, na
seara dos médiuns, conscientize-se da responsabilidade que lhe diz respeito, e,
educando a faculdade, torne-se apto para o ministério, servindo sempre e
crescendo intimamente com os olhos postos no próprio e no futuro feliz da
sociedade.
Na maioria dos casos o médium, em sua origem autêntico,
sincero e simples, é imediatamente cercado por pessoas gananciosas por dinheiro
ou ansiosas por promoção. Essas pessoas começam a adjetivá-lo de "grande
médium", "maior médium", ou a reputar-lhe um "grande e inexplicável
poder". O pobre do médium convence-se disto tudo e começa, por sua vez, a
tirar proveito próprio da mediunidade ou a permitir que outros, amigos e
familiares, o façam.
Algum tempo mais e ele começa a notar que os fenômenos
não são tão regulares e dóceis assim, que vez e outra (principalmente depois
que ele começou a ganhar com a mediunidade) os "fatos insólitos" não
se verificam. A essa altura, o médium já está tão comprometido, com tantas
apresentações, palestras e entrevistas marcadas, que prefere não voltar atrás e
continua na tentativa de satisfazer os curiosos. Leva consigo, então, certos
recursos, para serem utilizados caso o fenômeno não ocorra. Começa a fraudar.
Se uma fraude dessas é descoberta os adversários do
Espiritismo generalizam estendendo a denúncia da fraude a todas as
apresentações daquele médium e, o que é pior,
todos os fenômenos daquela natureza. Portanto, nunca poderemos ser
realmente espíritas, compreender a fenomenologia mediúnica, interpretar com
tranqüilidade tudo o que se passa em nosso meio ou o que se faz em nome do
Espiritismo, sem estudarmos seriamente Kardec, assimilando seu método e sua
prática. E é com suas palavras que finalizo este artigo: "De tudo o que
ficou dito concluímos que o desinteresse mais absoluto é a melhor garantia contra
o charlatanismo" (Kardec, O Livro dos Médiuns, Cap. XXVIII).
Médiuns Imperfeitos, por Vianna de Carvalho (espírito)
Causam estranheza, não poucas vezes, as comunicações
mediúnicas procedentes dos Espíritos Nobres através de pessoas insensatas ou
portadoras de conduta irregular.
O normal, que prevalece nesta como em qualquer outra
atividade, é a vigência da lei das afinidades, mediante a qual,
aqueles que são mais simpáticos entre si mais facilmente se mancomunam e
intercambiam, do que a ocorrência de fenômenos opostos.
Certamente a predominância da ordem e do equilíbrio em
todos os quadrantes da Natureza constitui a base da harmonia.
No que tange aos valores ético-morais o mecanismo é
idêntico. Todavia, com objetivos elevados, as Entidades Superiores, por falta,
às vezes, de médiuns que sintonizem com seus relevantes propósitos, utilizam-se
daqueles que encontram com duas finalidades: advertirem-nos através de
orientações seguras e auxiliarem pessoas necessitadas ou confiantes que lhes
buscam o socorro.
Não se melhorando tais médiuns, mais agravam o seu estado
espiritual, pois que não podem justificar-se posteriormente quando chamados à
ordem, sob a primária alegação de que ignoravam a gravidade dos deveres de que
se encontravam investidos.
Ademais, a mediunidade é neutra, em si mesma, qual um
telefone que pode ser utilizado por pessoas boas ou más, de conduta salutar ou
reprochável, ricas ou necessitadas, cabendo ao proprietário selecionar a
clientela mediante os critérios que melhormente lhe digam respeito.
A imperfeição, inerente às criaturas humanas, procede dos
atavismos que as fixam às faixas primárias das quais procedem e ainda não
lograram libertar-se.
Portadoras da faculdade mediúnica, dispõem de precioso
instrumento que, dignamente utilizado, as auxiliará no processo de
aprimoramento intelecto-moral, superando os limites primitivos e adquirindo
mais amplas percepções sobre a vida e sobre si mesmas, com os olhos postos em
metas relevantes que as aguardam.
Malbaratar o precioso talento da mediunidade,
deixando-a enxovalhar-se sob o uso com finalidades pueris e frívolas, indignas
e vulgares acarreta penosas aflições que impõem renascimentos dolorosos, nos
quais, a demorada meditação no cárcere carnal deficitário auxiliará o calceta a
valorizar os bens do Senhor, que são colocados ao seu alcance para o crescimento
íntimo e a felicidade.
Outrossim, a incorreta utilização dos recursos mediúnicos
entorpece os centros de registro e termina quase sempre por
desarmonizar o psiquismo e a emoção, levando a patologias muito complexas.
Médiuns ciumentos, imorais, simoníacos, exibicionistas e
mentirosos, portadores de outras imperfeições morais pululam em toda parte,
descuidados e levianos, acreditando-se ignorados pelas Leis Soberanas e
supondo-se portadores de forças próprias que as podem utilizar a bel-prazer sem
qualquer responsabilidade nem consequência moral.
Mesmo estes, vez que outra, são visitados pelos Mentores
Espirituais compadecidos que deles se acercam para os auxiliar, intentando
despertá-los para os deveres e compromissos que lhes dizem respeito.
Cabe, desse modo, a todos os médiuns, a vigilância
constante e a oração frequente, a ação caridosa e a disciplina segura, a fim de
se precatarem de si mesmos, das suas imperfeições, das interferências dos
Espíritos impuros e perturbadores, resguardando-se das ciladas que a
necessidade de evolução lhes permite enfrentar, a fim de adquirirem a segurança
íntima e o equilíbrio para atingirem mais elevadas faixas vibratórias, nas
quais permanece o pensamento divino aguardando ser captado para o progresso da
Humanidade.
Não seja, pois, de estranhar a comunicação dos Guias
Espirituais através dos médiuns imperfeitos e em meios
perniciosos, assim como as mensagens dos Espíritos estúrdios e maus por meio
dos instrumentos de sadia moral e equilíbrio espiritual, que os visitam para se
beneficiarem, receberem instrução e roteiro, esclarecimento e diretriz de
libertação.
A imperfeição que se manifesta nos homens ou nos
Espíritos indica estágio inferior no qual transita o seu portador, que se deve
empenhar para superá-la, trabalhando com acendrado esforço para libertar-se de
sua cruel grilheta.
Todos marchamos da sombra em direção da Grande Luz que
nos atrai e que um dia nos banhará em definitivo, eliminando toda mácula e
primarismo por acaso ainda existentes em nós.
(Página psicografada pelo médium Divaldo P.
Franco, publicado na Revista O Reformador de Abril de 1991)
Mediunidade - Um Resumo, de Bismael B. Moraes
No Universo, tudo é energia em suas mais infinitas
formas. Obviamente, a Terra é apenas como que um grão de areia nos inúmeros
sistemas universais e, dentro dela, em graus evolutivos diversos e em
aprendizado constante, os seres humanos ainda se debatem ante as Leis da
Natureza. Muitos sequer descobriram a existência dos dois planos - o físico e o
espiritual - dos quais todos participamos, independentemente da nossa vontade
ou condição racial, política, social, econômica ou intelectual, pois o homem
não cria nem revoga lei natural ou Lei de Deus.
A mediunidade, que envolve complexas e sutis formas
energéticas, é uma faculdade que está latente em todos os indivíduos, podendo
apresentar-se ou manifestar-se por vários modos, dependendo do estádio moral de
cada médium (que é o intermediário entre o plano físico e plano espiritual, ou
seja, serve de mediador entre encarnados - pessoas - e desencarnados -
Espíritos , podendo também ser aquele que recebe influência, inspiração,
conselho ou ensinamento de entidades espirituais, até, às vezes, sem o
perceber).
Allan Kardec sintetiza os médiuns em duas categorias:
aqueles de efeitos físicos (a quem os Espíritos se manifestam por intermédio de
movimentos, ruídos, sons, transporte de objetos, etc.) e aqueles de efeitos
intelectuais (a quem os Espíritos se apresentam por meio de comunicações
inteligentes - por ideias, escritos, desenhos, sinais, palavras etc.).
Como a vida física é efêmera (pois cada ser humano só
vive pelo tempo necessário de prova que pediu ou de expiação que lhe foi
determinada - de poucos minutos a muitos anos de existência terrena -, na lenta
caminhada de aprendizado e progresso) e como a vida espiritual é eterna, e
descobrindo-se, pelo estudo e pela pesquisa, que o espírito se comunica pelo
pensamento, o raciocínio nos mostra, claramente, que somos espíritos
encarnados, porque estamos sempre pensando: nosso corpo frágil, auxiliado pelos
cinco sentidos - visão, tato, audição, olfato e paladar - é peça material que
requer consciência e razão. Por isso, as diferenças entre os seres da mesma
família: uns já viveram muito, antes, e aprenderam; outros viveram poucas
existências e ainda não aprenderam.
Todos temos algum tipo de mediunidade; é dom concedido por
Deus. Porém, só alguns possuem as chamadas mediunidades de tarefa: audiência
(de ouvir vozes de Espíritos); vidência (de ver Espíritos); psicografia (de
escrever o que ditam os Espíritos); psicopictografia (de pintar sob ação dos
Espíritos); falante (de transmitir pelos órgãos vocais a palavra do Espírito);
xenoglossia (de falar e escrever línguas estrangeiras que não conhece), além de
outros tipos de mediunidade.
Há pesquisadores e estudiosos do Espiritismo que
classificam acima de cinquenta os tipos de mediunidade. Existem ainda os casos
de médiuns especiais, dotados de aptidões particulares, como os enumera Allan
Kardec, no capítulo XVI, em "O Livro dos Médiuns", obra indispensável
a quem se predisponha ao estudo sério sobre os tipos de mediunidade.
O médium, para desincumbir-se das tarefas que lhe são
confiadas pelo plano espiritual, deve ser diligente, aplicado, sincero,
disciplinado e bondoso, evitando o orgulho e a vaidade. Jamais deverá
colocar-se na condição de superior perante os demais irmãos, sejam estes
seguidores ou não da Doutrina Espírita, sabendo que é apenas um tarefeiro e que
tem como diretrizes os ensinamentos dos bons Espíritos e, no que tange aos
cristãos, as lições morais de Jesus, para a prática do bem.
"O médium é um companheiro. É um trabalhador. É um
amigo. E é sobretudo nosso irmão, com dificuldades e problemas análogos àqueles
que assediam a mente de qualquer espírito encarnado".
"Mediunidade não é pretexto para situar-se a
criatura no fenômeno exterior ou no êxtase inútil, à maneira da criança
atordoada no deslumbramento da festa vulgar. É , acima de tudo, caminho de
árduo trabalho em que o espírito, chamado a servi-la, precisa consagrar o
melhor das próprias forças para colaborar no desenvolvimento do bem". (
Ensinamentos do Espírito Emmanuel, no livro "Mediunidade e Sintonia",
pelo médium Chico Xavier).
Observação final: para melhor conhecer essa importante
matéria, aconselha-se, no mínimo, ler "O Livro dos Espíritos",
analisando cada tópico, e, em seguida, ler "O Livro dos Médiuns",
ambos de Allan Kardec, podendo complementá-los com "Espíritos e
Médiuns", de Léon Denis, e "Mediunidade ", de J. Herculano
Pires.
, de José Queid Tufaile Huaixan - IV
Como reconhecer os Espíritos comunicantes - (Questão 267 de "O Livro dos Médiuns")
Podemos resumir os meios de reconhecer a qualidade dos
Espíritos nos seguintes princípios:
1º) Não há outro critério para se discernir o valor dos
Espíritos senão o bom senso. Qualquer fórmula dada pelos próprios Espíritos,
com esse fim, é absurda e não pode provir de Espíritos superiores.
2º) Julgamos os Espíritos pela sua linguagem e as suas
ações. As ações dos Espíritos são os sentimentos que eles inspiram e os
conselhos que dão.
3º) Os Espíritos bons só podem dizer e fazer o bem, tudo
o que é mau não pode provir de um Espírito bom.
4º) A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna,
elevada, nobre, sem qualquer mistura de trivialidade. Eles dizem tudo com
simplicidade e modéstia, nunca se vangloriam, não fazem jamais exibição do seu
saber nem de sua posição entre os demais. A linguagem dos Espíritos inferiores
ou vulgares é sempre algum reflexo das paixões humanas. Toda expressão que
revele baixeza, auto-suficiência, arrogância, fanfarronice ou mordacidade é
sinal característico de inferioridade. E de mistificação, se o Espírito se
apresenta com um nome respeitável e venerado.
5º) Não devemos julgar os Espíritos pelo aspecto formal e
a correção do seu estilo, mas lhes sondar o íntimo, analisar suas palavras,
pesá-las friamente, maduramente e sem prevenção. Toda falta de lógica, de razão
e de prudência não pode deixar dúvida quanto à sua origem, qualquer que seja o
nome de que o Espírito se enfeite. (Ver questão nº 224 de O Livro dos Médiuns).
6º) A linguagem dos Espíritos elevados é sempre idêntica,
senão quanto à forma, pelo menos quanto à substância. As ideias são as mesmas,
sejam quais forem o tempo e o lugar. Podem ser mais ou menos desenvolvidas
segundo as circunstâncias, as dificuldades ou a facilidade de se comunicar, mas
não serão contraditórias. Se duas comunicações com o mesmo nome se contradizem,
uma das duas é devidamente apócrifa. A verdadeira será aquela em que nada
desminta o caráter conhecido do personagem. Entre duas comunicações assinadas,
por exemplo, por São Vicente de Paulo, uma pregando a união e a caridade e
outra tendendo a semear a discórdia, não há pessoa sensata que possa
enganar-se.
7º) Os Espíritos bons só dizem o que sabem, calando-se ou
confessando a sua ignorância sobre o que não sabem. Os maus falam de tudo com
segurança, sem se importar com a verdade. Toda heresia científica notória, todo
princípio que choque o bom senso revela a fraude, se o Espírito se apresenta
como esclarecido.
8º) Os Espíritos levianos são ainda reconhecidos pela
facilidade com que predizem o futuro e se referem com precisão a fatos
materiais que não podemos conhecer. Os Espíritos bons podem fazer-nos
pressentir as coisas futuras, quando esse conhecimento for útil, mas jamais
precisam as datas. Todo anúncio de acontecimento para uma época certa é indício
de mistificação.
9º) Os Espíritos superiores se exprimem de maneira
simples, sem prolixidade. Seu estilo é conciso, sem excluir a poesia das ideias
e das expressões. É claro, inteligível a todos, não exigindo esforço para a
compreensão. Eles possuem a arte de dizer muito em poucas palavras, porque cada
palavra tem o seu justo emprego. Os Espíritos inferiores ou pseudo-sábios
escondem sob frases empoladas o vazio das idéias. Sua linguagem é frequentemente
pretensiosa, ridícula ou ainda obscura, a pretexto de parecer profunda.
10º) Os Espíritos bons jamais dão ordens: não querem
impor-se, apenas aconselham e se não forem ouvidos se retiram. Os maus são
autoritários, dão ordens, querem ser obedecidos e não se afastam facilmente.
Todo Espírito que se impõe trai a sua condição. São exclusivistas e absolutos
nas suas opiniões e pretendem possuir o privilégio da verdade. Exigem a crença
cega e nunca apelam para a razão, pois sabem que a razão lhes tiraria a
máscara.
11º) Os Espíritos bons não fazem lisonjas. Aprovam o bem
que se faz, mas sempre de maneira prudente. Os maus exageram nos elogios,
excitam o orgulho e a vaidade, embora pregando a humildade, e procuram exaltar
a importância pessoal daqueles que desejam conquistar.
12º) Os Espíritos superiores mantêm-se, em todas as
coisas, acima das puerilidades formais. Os Espíritos vulgares são os únicos que
podem dar importância a detalhes mesquinhos, incompatíveis com as idéias
verdadeiramente elevadas. Toda prescrição meticulosa é sinal certo de
inferioridade e mistificação de parte de um Espírito que toma um nome pomposo.
13º) Devemos desconfiar dos nomes bizarros e ridículos
usados por certos Espíritos que desejam impor-se à credulidade. Seria
extremamente absurdo tomar esses nomes a sério.
14º) Devemos igualmente desconfiar dos Espíritos que se
apresentam com muita facilidade usando nomes venerados, e só com muita reserva
aceitar o que dizem. Nesses casos, sobretudo, é que um controle severo se torna
indispensável. Porque é freqüentemente a máscara que usam para levar-nos a crer
em pretensas relações íntimas com Espíritos excelsos. Dessa maneira eles
lisonjeiam a vaidade do médium e se aproveitam dela para o induzirem a atos
lamentáveis e ridículos.
15º) Os Espíritos bons são muito escrupulosos no tocante
às providências que podem aconselhar. Em todos os casos têm apenas em vista um
fim sério e eminentemente útil. Devemos pois encarar como suspeitas todas
aquelas que não tenham esse caráter ou sejam condenáveis pela razão, refletindo
maduramente antes de adotá-las, pois do contrário nos exporemos a mistificações
desagradáveis.
16º) Os Espíritos bons são também reconhecíveis pela sua
prudente reserva no tocante às coisas que possam comprometer-nos. Repugna-lhes
desvendar o mal. Os Espíritos levianos ou malfazejos gostam de expô-lo.
Enquanto os bons procuram abrandar os erros e pregam a indulgência, os maus os
exageram e sopram a discórdia por meio de pérfidas insinuações.
17º) Os Espíritos bons só ensinam o bem. Toda máxima,
todo conselho que não for estritamente conforme a mais pura caridade evangélica
não pode provir de Espíritos bons.
18º) Os Espíritos bons só dão conselhos perfeitamente
racionais. Toda recomendação que se afaste da linha reta do bom senso ou das
leis imutáveis da Natureza acusa a presença de um Espírito estreito e portanto
pouco digno de confiança.
19º) Os Espíritos maus ou simplesmente imperfeitos ainda
se revelam por sinais materiais que a ninguém poderão enganar. A ação que
exercem sobre o médium é às vezes violenta, provocando movimentos bruscos e
sacudidos, uma agitação febril e convulsiva que contrasta com a calma e a suavidade
dos Espíritos bons.
20º) Os Espíritos imperfeitos aproveitam-se frequentemente
dos meios de comunicação de que dispõem para dar maus conselhos. Excitam a
desconfiança e a animosidade entre os que lhes são antipáticos. Principalmente
as pessoas que podem desmascarar a sua impostura são visados pela sua maldade.
As criaturas fracas, impressionáveis, tornam-se alvo do
seu esforço para levá-las ao mal. Usam sucessivamente os sofismas, os
sarcasmos, as injúrias e até as provas materiais do seu poder oculto para
melhor convencê-las, empenhando-se em desviá-las do caminho da verdade.
21º) Os Espíritos dos que tiveram, na Terra, uma
preocupação exclusiva, material ou moral, se ainda não conseguiram libertar-se
da influência da matéria continuam dominados pelas idéias terrenas. Carregam
parte dos preconceitos, das predileções e até mesmo das manias que tiveram
aqui. Isso é fácil de se reconhecer pela sua linguagem.
22º) Os conhecimentos com que certos Espíritos muitas
vezes se enfeitam, com uma espécie de ostentação, não são nenhum sinal de
superioridade. A verdadeira pedra de toque para se verificar essa superioridade
é a pureza inalterável dos sentimentos morais.
23º) Não basta interrogar um Espírito para se conhecer a
verdade. Devemos, antes de tudo, saber a quem nos dirigimos. Porque os
Espíritos inferiores, pela sua própria ignorância, tratam com leviandade as
mais sérias questões. Também não basta que um Espírito tenha sido na Terra um
grande homem para possuir no mundo espírita a soberana ciência. Só a virtude
pode, purificando-o, aproximá-lo de Deus e ampliar os seus conhecimentos.
24º) Os gracejos dos Espíritos superiores são muitas
vezes sutis e picantes, mas nunca banais. Entre os Espíritos zombeteiros, mas
que não são grosseiros, a sátira mordaz e feita quase sempre muito a propósito.
25º) Estudando-se com atenção o caráter dos Espíritos que
se manifestam, sobretudo sob o aspecto moral, reconhece-se a sua condição e o
grau de confiança que devem merecer. O bom senso não se enganará.
26º) Para julgar os Espíritos, como para julgar os
homens, é necessário antes saber julgar-se a si mesmo. Há infelizmente muita
gente que toma a sua própria opinião por medida exclusiva do bem e do mal, do
verdadeiro e do falso. Tudo o que contradiz a sua maneira de ver, as suas ideias,
o sistema que inventaram ou adotaram é mau aos seus olhos. Falta a essas
criaturas evidentemente, a primeira condição para uma reta apreciação: a
retidão de juízo. Mas elas nem o percebem. Esse o defeito que mais enganos
produz.
Mediunidade: Teoria e Prática, de José Queid Tufaile Huaixan - III
A vida moral do médium Espírita
As faculdades mediúnicas, como disseram os Espíritos,
estão ligadas a uma disposição orgânica. O mesmo já não se dá quanto ao seu
uso, que depende da condição moral do médium. Se tudo depende da moral, nossos
grupos necessitam tê-la como farol orientador da caminhada.
a.
Muitas decepções advindas da prática
mediúnica são frutos da má orientação moral e prática dadas aos iniciantes
pelos que administram as mesas de desenvolvimento.
b.
Na atualidade, há uma complacência excessiva
com os vícios das pessoas. Médiuns, passistas e membros dos grupos alimentam
vícios grosseiros como o fumo, a bebida alcóolica e, nos casos mais graves, o
adultério, a desonestidade, a sensualidade exagerada e orgulho.
c.
Se estamos dispostos a reformar as práticas
do Centro Espírita que participamos, temos que levar em alta conta os aspectos
morais dos componentes da casa, pois são eles que sustentam as atividades em
todos os sentidos, mormente as mediúnicas.
d.
Recomendamos o estudo regular, nas sessões e
fora delas, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Com isso, se
conseguirá elementos morais destinados à autorreflexão.
e.
O trabalhador Espírita estuda sempre. Lê
livros teóricos e práticos, porém, deve-se evitar a confusão mental por obras
Espíritas. Há médiuns que não conseguem trabalhar em face de sobrecarregarem
suas mentes com leituras, gerando dúvidas e falsas interpretações.
f.
Não se deve conceber a atividade mediúnica
sem o trabalho material. O serviço com os sofredores do mundo terreno auxilia o
médium a compreender a dor e lhe dá suporte para os embates com a ignorância
espiritual. Todo médium deve prestar serviços de assistência material
regularmente.
A Disciplina - O domínio das nossas más
inclinações é uma tarefa bastante difícil de ser realizada. No entanto, aqueles
que vão lidar com os Espíritos precisam ter um certo domínio sobre si, pelo
menos sobre as atitudes mais grosseiras.
O médium deve estabelecer uma certa ordem em sua vida
pessoal. Precisa aprender a dividir seu tempo entre o trabalho profissional, as
atividades no Centro Espírita e a convivência com sua família. Se tiver uma
vida muito irregular, a atividade mediúnica vai perturbá-lo mais ainda.
Fazemos algumas sugestões: deixar o hábito de fumar; a
bebida; a frequência em ambientes mundanos; melhorar sua vida familiar,
profissional e adquirir uma conduta regular frente à prece. Tudo isso é
disciplinar-se.
Conhecer a si mesmo e trabalhar para dominar as próprias
imperfeições é o caminho para uma prática mediúnica sadia e o próprio progresso
espiritual.
"Antes de nos dirigirmos aos Espíritos, convém,
pois, encouraçarmo-nos contra o assalto dos maus, assim como se marchássemos em
terreno onde tememos picadas de cobras. Isto se consegue, inicialmente, pelo
estudo prévio, que indica a rota e as precauções a tomar; a seguir, a prece.
Mas é necessário bem nos compenetrarmos da verdade que o único preservativo
está em nós, na própria força, e nunca nas coisas exteriores; que nem há
talismãs, nem amuletos, nem palavras sacramentais, nem fórmulas sagradas ou
profanas que tenham a menor eficácia se não tivermos em nós mesmos as
qualidades necessárias. Assim, essas qualidades é que devem ser
adquiridas" - (Allan Kardec na "Revista Espírita",
número de janeiro de 1863, no "Estudo sobre os possessos de
Morzine").
Mediunidade: Teoria e Prática, de José Queid Tufaile Huaixan – II
As Obsessões Espiríticas
Como dissemos no item "C", dentre os que sentem
de modo ostensivo a presença dos Espíritos, existem aqueles que estão
perturbados por obsessão. Estes não devem ser orientados para o desenvolvimento
da mediunidade, e sim encaminhados para a desobsessão.
Quando se submete um paciente obsedado ao desenvolvimento
da mediunidade, corre-se o risco de vê-lo mergulhar num estado de profundo
desequilíbrio. O exercício da mediunidade poderá levar o médium enfermo a
sofrer uma maior agressão do obsessor, principalmente se a obsessão apresentar
um caráter grave.
Allan Kardec diz que a mediunidade obsedada não merece
qualquer confiança. Portanto, não há motivo para colocarmos o obsedado na mesa
mediúnica.
"A obsessão, como já dissemos, é um dos maiores
escolhos da mediunidade. É também um dos mais frequentes. Assim, nunca serão
demais as providências para combatê-la. Mesmo porque, além dos prejuízos
pessoais que dela resultam, constitui-se um obstáculo absoluto à pureza das
comunicações. A obsessão, em qualquer dos seus graus, sendo sempre o resultado
de um constrangimento, não podendo jamais este constrangimento ser exercido por
um Espírito bom, segue-se que toda comunicação dada por um médium obsedado é de
origem suspeita e não merece nenhuma confiança "-
(Allan Kardec em "O Livro dos Médiuns", Capitulo X»II, item 242).
Deve-se oferecer ao obsidiado a assistência espírita,
acompanhada de tratamento médico, quando for necessário. Depois, liberto do
condicionamento medicamentoso, se a sensibilidade permanecer num nível elevado,
o paciente poderá ser encaminhado para a educação mediúnica, se tiver
disposição para isso.
Atenção: Não se deve induzir ninguém
a desenvolver mediunidade contra sua vontade.
"Não se deve jamais provocar ou encorajar o
desenvolvimento das faculdade mediúnicas de pessoas fracas (ou de crianças).
Deve-se afastar da prática mediúnica, por todos os meios possíveis, as que
apresentem os menores sinais de excentricidade nas idéias ou de enfraquecimento
das faculdades mentais, porque são evidentemente predispostas à loucura, que
qualquer motivo de superexcitação pode desenvolver"
(Allan Kardec em "O Livro dos Médiuns", Capítulo XIIIV, item 222).
encontra
enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre são espíritos
que tombaram dos cumes sociais pelo abuso do poder, da autoridade, da fortuna e
da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem
em favor do grande número de almas que se desviaram das sendas luminosas da fé,
da caridade e da virtude".
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